O número de motociclistas nas ruas do Rio de Janeiro segue em alta — e os acidentes também. Somente nos seis primeiros meses de 2025, a rede municipal de saúde registrou 14.497 atendimentos a vítimas de acidentes com motos, o que representa uma média de 80 casos por dia. Os dados são do portal g1.
O crescimento acelerado da frota ajuda a explicar a escalada da violência no trânsito. Segundo o Detran-RJ, em 2024, o número de emplacamentos de motocicletas aumentou 20% em relação ao ano anterior, totalizando 135.741 novos registros. A tendência se mantém: de janeiro a junho de 2025, mais de 70 mil motos foram incorporadas à frota da capital.
O impacto já é sentido nos hospitais. De acordo com a Prefeitura do Rio, 70% dos acidentes de trânsito envolvem motociclistas. No Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca — referência no atendimento a traumas —, os condutores de motos representam mais de 90% dos casos ortopédicos graves.
“São fraturas, lesões complexas, múltiplas cirurgias e internações prolongadas. Muitos pacientes permanecem internados por meses”, afirma o diretor da unidade, Bruno Guimarães.
Diante do agravamento do cenário, a Prefeitura anunciou em maio um plano de segurança viária com medidas mais rigorosas, como a limitação da velocidade das motos a 60 km/h em toda a cidade e a proibição de circulação em pistas centrais de grandes vias — Presidente Vargas, Brasil e Américas — com fiscalização eletrônica.
A proposta, no entanto, enfrentou resistência da categoria. Após reunião com representantes dos motociclistas, o prefeito Eduardo Paes suspendeu a aplicação das medidas, menos de duas semanas após o anúncio. O plano está atualmente em revisão, sem prazo definido para ser implementado.
Também foi prometida a criação de 50 km de motofaixas em diferentes pontos da cidade — uma antiga demanda dos profissionais. Embora o projeto tenha sido anunciado pela CET-Rio, as obras ainda não começaram.