Aumenta a expectativa sobre uma possível conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A possibilidade surgiu após Trump afirmar, na sexta-feira (1º), que Lula pode “ligar quando quiser”.
A fala foi recebida com cautela pelo Itamaraty. Diplomatas brasileiros afirmam que, apesar de o gesto ter valor simbólico, um contato entre chefes de Estado demanda preparação prévia entre as equipes, definição de pautas e alinhamento de tom.
A declaração de Trump ocorre em meio à crescente tensão entre os dois países. Na quarta-feira (30/07), o governo norte-americano anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, por meio de ordem executiva assinada por Trump.
‘Limites na briga com os EUA’, diz Lula
Durante evento do PT neste domingo (3/08), Lula afirmou que negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas devem ser conduzidas com prudência. Segundo ele, o governo brasileiro precisa agir com responsabilidade e estratégia diante do cenário.
“Eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que devo falar, eu tenho que falar o que é possível, porque nós temos que falar aquilo que é necessário”, disse o presidente.
Sem citar diretamente Trump, Lula criticou ações que, segundo ele, partem de “quem acha que manda no mundo” e defendeu a postura do Brasil em favor da soberania nacional.
“Nós não queremos confusão. Então, quem quiser confusão conosco, pode saber que nós não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo. Não pensem”, afirmou.
Apesar das críticas, Lula reforçou que o Brasil está disposto a dialogar. “Nós vamos ajudar as nossas empresas, vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte: quando quiserem negociar, as propostas estão na mesa”, completou.
Nota oficial e esforço diplomático
Sem mencionar Trump diretamente, Lula publicou uma mensagem nas redes sociais após a repercussão da declaração do ex-presidente americano. “Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu.
Na esfera diplomática, o principal movimento recente foi o encontro entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington. Segundo Vieira, o Brasil deixou claro que não aceitará pressões externas.
Durante a conversa, o ministro também abordou o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde na Justiça brasileira por tentativa de golpe de Estado.