Em meio às tratativas para devolver a concessão do sistema ferroviário, a SuperVia entrou na Justiça para cobrar do governo do Rio de Janeiro R$ 21,3 milhões de indenização. A concessionária alega que precisou arcar com reparos de 40 composições com defeitos, fabricadas entre 2015 e 2019 por empresas chinesas e francesas.
Segundo documentos apresentados, os trens da série 3000 apresentaram falhas nas caixas de tração, portas, monitores internos, sistema de ar-condicionado e pisos. Já os da série 5000 registraram problemas estruturais nos pisos. Em 2019, parte da frota chegou a ser retirada de circulação por conta dos defeitos.
Além disso, a empresa move uma segunda ação cobrando R$ 6,3 milhões por atrasos na entrega dos trens. Alega que em alguns casos o prazo foi extrapolado em até dois anos, o que teria obrigado a utilização de composições mais antigas, com maior consumo de energia e índice de falhas.
O governo estadual rebateu as acusações. Segundo a Procuradoria-Geral do Estado, não houve atraso significativo: o maior teria sido de 60 dias, referente à série 3000. Sobre os defeitos, o Estado sustenta que a responsabilidade é dos fornecedores, e que a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp) já havia determinado que compensações não poderiam ser feitas com recursos públicos ou reajuste tarifário.
Em nota, a Secretaria de Transportes afirmou que “não houve atraso na entrega dos trens da série 3000 nem descumprimento contratual” e que os problemas identificados foram solucionados junto aos fabricantes CRRC e Alstom. Atualmente, a frota da SuperVia é de 201 trens, dos quais apenas 141 estão em circulação.
A disputa judicial ocorre em paralelo às negociações para que a SuperVia prorrogue sua operação até novembro, enquanto o governo prepara nova licitação para definir a futura administradora do sistema. O tema foi debatido nesta sexta-feira (3) em audiência pública na Alerj.