Entre 2016 e 2024, as escolas do Complexo da Maré ficaram 160 dias sem aula devido a operações policiais e confrontos armados — o equivalente a um ano letivo completo perdido, segundo levantamento da Redes da Maré. O dado foi apresentado no 6º Seminário de Educação da Maré, que discutiu o tema “O cumprimento dos 200 dias letivos: reposição e reparação”, com apoio da UFF, do Fundo Malala e do Ministério Público do Trabalho no Rio.
Somente em 2024, o estudo registrou 42 dias de paralisação, um aumento de 48% em relação ao ano anterior. A violência tem impacto direto na rotina de cerca de 19 mil estudantes das 16 comunidades que compõem a Maré. A diretora da organização, Andréia Martins, afirmou esperar que as propostas debatidas no seminário se tornem ações concretas capazes de transformar a vida escolar dos alunos e influenciar políticas públicas em outros territórios de favelas do país.
De acordo com o levantamento, os alunos da Maré tiveram 18,5% menos dias letivos que o mínimo previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o que reforça a desigualdade no acesso à educação pública de qualidade. O desafio agora, segundo os organizadores, é transformar os dados em políticas de reparação e garantir que o direito de aprender não dependa do silêncio das armas.