Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descreveram o primeiro caso conhecido de encefalite do tronco encefálico, também chamada de rombencefalite, causado pelo vírus zika. O relato foi publicado na revista científica Viruses e destaca uma nova e rara complicação neurológica associada à infecção.
O caso ocorreu em Salvador (BA), envolvendo uma jovem de 21 anos, sem comorbidades, que apresentou sintomas típicos de infecção viral — febre, dores articulares e manchas na pele — em junho de 2015. Após uma semana, o quadro evoluiu para confusão mental, dificuldades na fala, alterações motoras e convulsões. Exames confirmaram a inflamação do tronco encefálico e a presença do zika vírus.
A paciente foi tratada com corticosteroides e antiepilépticos, apresentou alucinações durante a internação, mas teve melhora em 34 dias e recebeu alta completamente recuperada. Nove anos depois, os médicos verificaram que ela segue funcional, embora apresente sintomas residuais, como dores de cabeça, lapsos de memória e leve comprometimento cognitivo.
Segundo o estudo, embora vírus como o do Nilo Ocidental e o da encefalite japonesa já tenham sido relacionados à rombencefalite, o zika raramente é associado a esse tipo de inflamação cerebral. Os autores afirmam que o caso é o mais bem documentado até hoje e reforçam que o vírus deve ser reconhecido como potencial causador de encefalite em regiões endêmicas.
A Fiocruz destaca que o zika já é conhecido por causar a síndrome de Guillain-Barré e a síndrome congênita em recém-nascidos. O novo achado amplia o conhecimento sobre os efeitos neurológicos do vírus e reforça a importância de vigilância clínica e diagnósticos precisos.
“A pesquisa alerta para a necessidade de atenção médica diante de quadros neurológicos em áreas onde o zika é comum”, afirmou a pesquisadora Isadora Siqueira, coordenadora do estudo.






