A imprensa internacional repercutiu amplamente a megaoperação das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou pelo menos 64 mortos, incluindo quatro policiais. Jornais de diferentes países destacaram o impacto da ação, classificada como a mais letal da história da cidade.
O jornal britânico The Guardian afirmou que a ofensiva representou o “pior dia de violência da história do Rio”, descrevendo intensos tiroteios em favelas que abrigam cerca de 300 mil pessoas. A publicação destacou ainda que, pela primeira vez, o CV teria usado drones armados para lançar explosivos contra equipes policiais, além de ressaltar o poder de fogo da facção, que perdeu mais de 90 fuzis automáticos apreendidos na operação.
O também britânico Financial Times apontou que a operação “mais letal da história da cidade” evidencia o crescimento do crime organizado no Brasil e na região, e associou o contexto à expansão do narcotráfico impulsionada pelo consumo de cocaína na Europa e nos EUA. O jornal lembrou ainda que autoridades americanas cogitam classificar o Comando Vermelho e o PCC como organizações terroristas.
Nos Estados Unidos, o The New York Times reproduziu a fala do governador Cláudio Castro, que chamou os criminosos de “narcoterroristas”, e observou que o termo se aproxima da retórica do governo Donald Trump no combate às drogas na América Latina. O jornal interpretou a declaração como uma estratégia política de Castro, aliado de Jair Bolsonaro, para reforçar sua imagem diante do eleitorado conservador.
A publicação também destacou os efeitos imediatos na cidade, com bloqueios em vias, aulas suspensas, empresas de ônibus recolhendo frotas e até o acesso ao aeroporto internacional temporariamente interditado.
Já o El País, da Espanha, destacou que o nível de violência foi “extraordinário até para os moradores locais”, lembrando que o Rio, “cidade acostumada à desigualdade e à violência”, viveu um episódio fora de proporção. O jornal observou ainda que a ação ocorreu às vésperas da COP30, evento global sobre mudanças climáticas que será sediado em Belém (PA).
A publicação espanhola também frisou que a polícia brasileira é uma das mais letais do mundo, responsável por cerca de 10% das mortes violentas do país, embora o uso de câmeras corporais tenha reduzido parcialmente os índices de letalidade nos últimos anos.
A repercussão internacional da megaoperação reforça a preocupação global com o uso da força em favelas cariocas e o impacto das ações policiais em comunidades marginalizadas, reacendendo o debate sobre segurança pública, direitos humanos e política de drogas no Brasil.
				





