O Rio de Janeiro amanheceu em luto após a operação de segurança mais letal da história do estado, com mais de 120 mortos no Complexo da Penha e do Alemão. Moradores relatam um dia de terror, com disparos intensos, casas invadidas e corpos sendo deixados em praças. “Foi uma catástrofe, uma tragédia. Pegaram pedreiros dentro de casa. Estou aqui com as mães gritando por socorro”, disse Ilaci de Oliveira Luiz, moradora há 68 anos da Penha.
Entre os relatos, há denúncias de execuções e brutalidade policial. “A maioria dos corpos foi amarrada, esfaqueada. Eles foram executados”, afirmou Ramildo Belizério, da Federação das Associações de Favelas. Outras mães contaram que os filhos se renderam e ainda assim foram mortos. “Meu filho se entregou, arrancaram as algemas com faca. Foi um massacre”, disse Elieci Santana, que encontrou o corpo do filho na mata.
Apesar das denúncias, o governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que “só os quatro policiais mortos são vítimas”. Em entrevista coletiva, o chefe do Executivo estadual declarou que “quem critica deve somar no combate à criminalidade ou sumir”. Para Castro, o fato de os confrontos terem ocorrido em áreas de mata seria indício de que as vítimas eram criminosos.
As declarações do governador geraram indignação entre familiares e defensores de direitos humanos. “Não estamos vendo nada novo, apenas a extensão do massacre”, afirmou Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz. Enquanto o governo comemora, moradores ainda contam corpos e buscam desaparecidos nas encostas das comunidades, sob o medo e o silêncio que seguem após o dia mais violento da segurança pública do Rio.






