Centenas de defensores de direitos humanos, parlamentares e representantes do governo federal se reuniram nesta quinta-feira (30) na Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro (Elerj), em um encontro convocado após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos. Batizada de “Rio Sem Massacre”, a reunião teve como foco discutir as consequências da ação e propor medidas imediatas para revisar as políticas de segurança pública no estado.
O evento contou com a presença das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), além de representantes da Alerj, Câmara dos Deputados e movimentos de favelas. Coordenada pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, e pelo deputado federal Reimont (PT-RJ), a reunião buscou articular uma resposta institucional às denúncias de violações de direitos durante a operação.
Em seu discurso, Dani Monteiro afirmou que o episódio “revela a face mais cruel da violência de Estado” e destacou o cenário de abandono enfrentado por familiares das vítimas. “Famílias estão dormindo na porta do IML, convivendo com o cheiro dos corpos de seus entes sem refrigeração. Isso não é política de segurança, é omissão estatal”, declarou.
A reunião resultou em três encaminhamentos principais: o lançamento da campanha “Rio Sem Massacre”, a elaboração de uma carta-compromisso pela transformação da segurança pública e a produção de um relatório conjunto entre as comissões de direitos humanos da Alerj e da Câmara Federal, que será encaminhado às autoridades estaduais e federais.
Entre as medidas discutidas estão o combate às rotas de armas e à lavagem de dinheiro, a autonomia das corregedorias e dos institutos de perícia, o uso obrigatório de câmeras corporais e a descentralização das estruturas policiais.
Durante o dia, parlamentares e representantes do governo federal também visitaram as comunidades da Penha e do Alemão, além do Instituto Médico Legal (IML), onde acompanharam o atendimento às famílias das vítimas e coletaram informações sobre as mortes.
O encontro marcou o início de uma articulação permanente entre Legislativo e Executivo para a revisão das práticas policiais e a construção de uma política de segurança baseada na preservação da vida e no respeito aos direitos humanos.






