A histórica militante de esquerda Clara Charf morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos. Figura emblemática da resistência política brasileira, ela dedicou a vida à defesa da democracia, dos direitos civis e das causas sociais. Desde a juventude, participou de movimentos populares, enfrentou a repressão da ditadura militar e atuou em organizações como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Ação Libertadora Nacional (ALN).
Clara foi casada com o guerrilheiro Carlos Marighella, morto em 1969 numa emboscada da polícia política do regime militar. O assassinato do companheiro marcou profundamente sua trajetória, mas não interrompeu sua militância. Mesmo sob vigilância e perseguição, continuou atuando em campanhas pela anistia e pela reparação de vítimas da ditadura.
Durante os anos de repressão, viveu na clandestinidade e ajudou a organizar redes de apoio a presos e exilados políticos. Com o fim do regime, passou a atuar abertamente na redemocratização do país, participando da criação de entidades voltadas à preservação da memória histórica e à busca por desaparecidos políticos.
Nas últimas décadas, Clara aproximou-se do Partido dos Trabalhadores (PT) e continuou ativa em campanhas, atos públicos e homenagens às lutas democráticas. Mesmo com idade avançada, era presença constante em mobilizações pela liberdade, igualdade e justiça social.
Sua trajetória inspirou militantes e artistas que viam nela um elo entre o passado da repressão e as batalhas políticas do presente. “Marighella vive em cada pessoa que luta por um Brasil mais justo e livre”, disse em uma de suas últimas aparições públicas.
Clara Charf deixa um legado de coerência, coragem e compromisso com as causas populares. Movimentos sociais, partidos e entidades de direitos humanos lamentaram sua morte e exaltaram sua contribuição à história democrática do país.






