O Brasil reduziu em 16,7% suas emissões brutas de gases do efeito estufa em 2024, totalizando 2,145 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente. O levantamento, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Observatório do Clima, mostra que o resultado é o melhor dos últimos 16 anos. Considerando as emissões líquidas — que descontam a captura de carbono por florestas e áreas protegidas —, a redução chega a 22%.
Segundo o secretário-executivo do Observatório, Márcio Astrini, o desempenho coloca o Brasil em posição de destaque na COP30, que será realizada em Belém. “Dificilmente teremos entre os maiores emissores um país com redução total de emissões como a que apresentamos agora”, afirmou. O levantamento foi elaborado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), que monitora cinco setores: uso da terra, agropecuária, energia, processos industriais e resíduos.
O setor de uso da terra segue como o principal responsável pelas emissões, respondendo por 42% do total, seguido por agropecuária (29%) e energia (20%). Em 2024, esse setor registrou queda de 32% nas emissões, reflexo da redução do desmatamento. A Amazônia teve recuo de 41% e o Cerrado, de 20%. O Pantanal apresentou a maior queda proporcional, com 66%, enquanto o Pampa foi o único bioma com aumento.
No recorte estadual, Rondônia, Pará e Mato Grosso lideraram as reduções, com quedas acima de 40%. Já Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe tiveram aumento nas emissões. As emissões líquidas caíram para 1,49 bilhão de toneladas, com destaque para a diminuição de 64% no setor de uso da terra, agora o segundo maior emissor do país.
As queimadas, analisadas separadamente pelo Seeg, cresceram em quase todos os biomas e, se fossem contabilizadas, poderiam dobrar as emissões líquidas do setor de uso do solo. Segundo a pesquisadora Bárbara Zimbres, do Ipam, “o Brasil queimou inteiro em 2024, e isso reflete o impacto das queimadas fora do cálculo oficial das emissões”






