A CPI do Crime Organizado no Senado foi instalada nesta terça-feira (04/11) e terá por objetivo investigar a atuação de facções e milícias em todo o país. No que foi uma vitória da base governista, o colegiado terá à frente o senador Fabiano Contarato (PT-ES), eleito presidente em votação apertada – seis votos contra cinco para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que deu origem à CPI, será o relator. A comissão terá prazo inicial de 180 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período.
Em seu primeiro pronunciamento à frente da mesa, Contarato declarou: “Acredito, sim, na ressocialização, mas não acredito em impunidade disfarçada de compaixão. O que me move é a defesa da vida, da justiça e da verdade – não a conveniência política.”
Ele acrescentou: “Agora, com a CPI em funcionamento, temos o dever de conduzi-la com serenidade, firmeza e transparência. Não serei conivente com espetáculos, verdades seletivas ou oportunismo. Também não permitirei que o debate sobre segurança pública seja sequestrado por discursos fáceis e populistas.”
A eleição de Contarato é vista como uma vitória da base governista, que nos dias anteriores articulou trocas de integrantes da comissão para garantir maior controle sobre os trabalhos. Entre as alterações registradas está a substituição do senador Nelsinho Trad (PSD-MG) por Angelo Coronel (PSD-BA), considerado mais alinhado ao Executivo.
Oposição queria comando da CPI
A oposição, por sua vez, chegou a articular a candidatura de Contarato para outro cargo, mas acabou optando por apoiar Mourão para presidente da CPI, considerando sua menor resistência entre os governistas.
O líder da oposição, senador Eduardo Girão (Novo-CE), declarou que o comando da comissão deveria ficar com a bancada adversária para garantir “equilíbrio” nos trabalhos. Em resposta, o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), defendeu a eleição de Contarato e cobrou que a oposição aceitasse o resultado do pleito.
CPI sob o impacto de megaoperação no Rio
O momento de deflagração da CPI coincide com repercussão nacional de uma operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos.
A situação elevou o debate sobre segurança pública e fez com que assessores do governo avaliassem que a comissão poderia gerar desgaste político ainda maior que o experimentado pela CPF do INSS, instalada em setembro e dominada por parlamentares independentes.
A comissão terá como foco investigar a estruturação, a expansão e o funcionamento do crime organizado no Brasil, com ênfase na atuação de milícias, facções e conexões entre o mundo político e paramilitar. Analistas esperam que as sessões se transformem rapidamente em palco de embates intensos entre representantes da base e da oposição, dada a intensidade do tema e a proximidade com eleições em 2026.






