O comércio ilegal de cigarros no Brasil movimenta cerca de R$ 10,2 bilhões por ano e tem se tornado uma das principais fontes de financiamento de facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), o setor ilícito representa 32% das vendas nacionais e utiliza as mesmas rotas e redes de distribuição do tráfico de drogas e de armas.
O levantamento, encomendado pela Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), mostra que o aumento na circulação de cigarros ilegais está diretamente ligado à expansão da violência. Cada ponto percentual de crescimento nesse mercado está associado a 239 homicídios dolosos, 892 casos de tráfico de drogas e 629 apreensões de armas de fogo, segundo os pesquisadores.
Facções passaram a controlar economicamente territórios inteiros, cobrando taxas de comerciantes e monopolizando a venda de produtos e serviços. No Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, apenas cigarros distribuídos por traficantes podem ser comercializados, o que demonstra o controle territorial e a criação de uma economia paralela nas favelas.
A pesquisa destaca ainda que o contrabando de cigarros provoca um rombo anual de R$ 7,2 bilhões em impostos, prejudicando os cofres públicos federais, estaduais e municipais. A recuperação de metade desse valor poderia gerar cerca de R$ 2,7 bilhões adicionais em arrecadação.
Para o presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, o enfrentamento ao contrabando exige uma estratégia integrada entre segurança pública e política tributária. “O mercado ilegal se sustenta pela combinação entre alta demanda, falhas na fiscalização e tributação excessiva sobre o setor legal”, afirmou.






