A segurança pública voltou a dominar o debate nacional e freou o avanço da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12). O levantamento mostra que 50% dos brasileiros desaprovam o governo, enquanto 47% aprovam — interrompendo uma tendência de melhora que vinha desde julho.
De acordo com o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e as declarações de Lula sobre o tema, mudaram o cenário político. “A pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, avaliou Nunes.
Apoio à operação e discordância com Lula
A pesquisa revela que 67% dos brasileiros aprovam a operação policial realizada no fim de outubro, que terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais. Apenas 25% desaprovam e 4% não souberam responder.
Quando questionados sobre as críticas do presidente — que classificou a operação como “desastrosa” —, 57% dos entrevistados disseram discordar de Lula, e 67% acreditam que a polícia não exagerou no uso da força.
Apesar do apoio à ação, 55% dos brasileiros afirmaram que não gostariam que uma operação semelhante ocorresse em seus estados, enquanto 42% disseram que sim.
Violência em alta e endurecimento da opinião pública
A preocupação com a violência subiu de 30% para 38%, o maior índice desde 2024. O levantamento também mostra que 73% dos entrevistados defendem que organizações criminosas sejam tratadas como terroristas, e 46% acreditam que o país precisa de leis mais rígidas e penas maiores para reduzir o crime.
Além disso, 45% dos brasileiros consideram que Lula saiu mais forte após o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado em outubro na Malásia.
Avaliação política
Os indicadores de aprovação e desaprovação seguem em empate técnico, com tendência de recuo na imagem positiva do governo. Desde outubro, a aprovação caiu de 48% para 47%, e a desaprovação subiu de 49% para 50%.
Para os analistas, o impacto da segurança pública na percepção popular marca um ponto de inflexão. “O governo vinha conseguindo melhorar sua imagem com medidas econômicas, mas o tema da violência recolocou a questão da autoridade e da confiança no centro da agenda pública”, observa Nunes.
Metodologia
A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 6 e 9 de novembro, com 2.004 entrevistas presenciais em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.






