Muitos visitantes lembram de ter ido à Bienal do Livro Rio Rio em passeios da escola. É ali, aliás, durante os dias de festival, que milhares de crianças e adolescentes de colégios públicos têm sua primeira experiência leitora e a possibilidade de levar um livro para casa. Foi na edição de 2019 que a Bienal do Livro Rio extrapolou os pavilhões do Riocentro, pela primeira vez, com o projeto Bienal nas Escolas, que nasceu para que o festival pudesse permear a vida desse público não somente a cada dois anos, mas de forma permanente, estimulando a descoberta de infinitas possibilidades de sonhar, através dos livros e das história. Este ano, 11 escolas das redes municipal e estadual receberam autores para essa troca de experiência com mais de 2 mil alunos, o que gerou um aumento de 25% na busca por livros em bibliotecas dessas unidades.
A literatura percorreu caminhos na capital e na Baixada Fluminense e, nesta sexta-feira (14/11), o projeto concluiu o capítulo de 2025 no CIEP Municipal Oswald de Andrade, em Anchieta, Zona Norte carioca, com a presença da escritora Bia Bedran. Com patrocínio da Light e das Secretarias de Estado de Cultura e Economia Criativa, além do apoio das das Secretarias municipal e estadual de Educação, as visitas propuseram atividades criativas e imersivas para alunos de 9 a 12 anos, sob o mote “Um Rio de Histórias”, promovendo a valorização da cultura local. A curadoria foi da jornalista e pedagoga Carol Sanches.
Em um momento em que o uso de celulares passou a ser controlado em sala de aula, e o desafio de reconquistar a atenção dos estudantes é ainda maior, o projeto se mostrou essencial para aproximar crianças e jovens do universo literário. E neste ano, o Bienal nas Escolas superou as expectativas. Previsto para alcançar dez escolas, chegou a 11, apresentando nomes de peso da literatura nacional: Otávio Júnior, que esteve em dois colégios; Thalita Rebouças; Flávia Lins e Silva; Jessé Andarilho; Sonia Rosa; Anna Claudia Ramos; Rodrigo França; Alexandre Gomes; Caio Zero e Bia Bedran, que encerrou o projeto.
Como legado, o Bienal nas Escolas também doou uma caixa cheia de livros para enriquecer a biblioteca escolar, além de um quadro ilustrado em tempo real durante a visita a cada colégio, com desenhos sugeridos pelos próprios estudantes, retratando a relação deles com a cultura literária. Outra ação do projeto foi a Caixa Literária, iniciativa que veio da Academia de Ciências de Lisboa para o Rio e recolheu obras de autores cariocas para serem enviadas em 2026 a Rabat, no Marrocos, quando a cidade assumirá o título de Capital Mundial do Livro.
Realizado pela GL events Exhibitions e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o Bienal nas Escolas planeja mais edições para o ano que vem, pela primeira vez em ano que não tem festival, buscando novas marcas parceiras.
Projeto é marcado pela diversidade de estilos literários
O encerramento do projeto, que começou em maio, contou com três autores que representam a diversidade da literatura contemporânea brasileira. No dia 7 de novembro, o GET Bahia, em Bonsucesso, recebeu Alexandre Gomes, escritor e roteirista conhecido por obras que exploram o universo da infância e da natureza, como “O peixe que queria ser gente” e “Histórias do Mar sem Fim”. Seu trabalho combina humor, imaginação e consciência ambiental para aproximar crianças do prazer de ler.
No dia 13, foi a vez da Escola Municipal Joaquim da Costa Ribeiro, em Padre Miguel, receber Caio Zero, ilustrador, quadrinista e autor de “A vida é curta pra ser pequena”. Com linguagem visual e poética, Caio traduz em suas histórias temas como identidade, emoções e pertencimento, em diálogo direto com o público jovem.
Encerrando a edição, a escritora, cantora e contadora de histórias Bia Bedran levou ao CIEP Oswald de Andrade sua reconhecida arte de unir literatura, música e oralidade. Com seu violão, ela cantou para as crianças, que retribuíram fazendo coro. Um grupo de alunos do 1º ano, com idade em torno de 6 anos, também fez uma homenagem, apresentando uma coreografia da canção “Anel”, sucesso de Bia há décadas. Com mais de 30 anos de carreira, a autora é referência na literatura infantil brasileira e encantou os estudantes com sua presença vibrante e participativa.






