A crise hídrica voltou a pressionar o abastecimento em São Paulo e já afeta metade da população do estado. Na Região Metropolitana, 39 municípios — incluindo a capital — convivem com restrições no fornecimento, alcançando 22,9 milhões de pessoas. Outras sete cidades do interior também sofrem com falta de água. Mesmo com o retorno das chuvas, os índices permanecem abaixo da média histórica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O Sistema Integrado Metropolitano, que abastece toda a Grande São Paulo, opera com apenas 26,6% do volume útil. A situação é ainda mais crítica no Sistema Cantareira, responsável por 41% do abastecimento, que registra 21,6%. Desde agosto, a Sabesp reduziu a pressão da água no período noturno como medida para preservar os reservatórios, o que, na prática, tem gerado racionamento em diversas localidades, embora a companhia classifique a ação como preventiva.
A pressão sobre o fornecimento se reflete também no interior. Em Bauru, o racionamento divide bairros em grupos que recebem água em dias alternados, com interrupções que chegam a 72 horas. Americana decretou emergência hídrica, enquanto cidades como Salto, Rio Claro, Birigui e Tambaú enfrentam oscilações constantes, seja por estiagem prolongada, turbidez nos mananciais ou necessidade de manobras nos sistemas de distribuição.
O mapa de escassez hídrica da SP-Águas mostra um cenário generalizado de alerta: nenhuma região está em situação normal e 18 áreas do estado já foram classificadas como críticas. O Alto Piracicaba, a área das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e a própria capital estão entre os locais mais afetados. Quatro regiões, incluindo partes do Vale do Paraíba e do litoral sul, encontram-se em emergência declarada.
As projeções climáticas indicam agravamento. Outubro registrou o nono mês consecutivo de chuvas abaixo da média e as previsões para novembro, dezembro e janeiro apontam chance de 60% de ocorrência de La Niña, fenômeno que tende a reduzir ainda mais a incidência de chuvas no período úmido. Diante do cenário, o Consórcio PCJ reforça a necessidade de monitoramento contínuo e do uso racional da água.






