O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vetou a participação da África do Sul nas próximas reuniões do G20 e convidou a Polônia para ocupar o lugar do país africano. O anúncio, feito pelo secretário de Estado Marco Rubio, marca uma ruptura inédita na governança do fórum das maiores economias do mundo e inaugura o que o governo americano vem chamando de “um novo G20”.
A decisão aprofunda o conflito diplomático com a África do Sul, que presidiu o bloco até novembro. Trump acusa, sem apresentar provas, o governo sul-africano de perseguir a minoria branca e promover confisco de terras, justificativas usadas para sustentar o boicote iniciado ainda durante a cúpula de Joanesburgo.
As ameaças se concretizaram quando Rubio afirmou que os EUA não estenderiam convite ao governo sul-africano para as reuniões sob presidência americana do G20. No mesmo comunicado, anunciou a Polônia como “parceiro natural”, destacando crescimento econômico recente e alinhamento político com Washington. A eleição do presidente Karol Nawrocki em 2025 consolidou a aproximação entre os dois países.
O boicote à África do Sul já vinha sendo sinalizado. Durante a presidência sul-africana, os EUA bloquearam negociações e dificultaram a aprovação do comunicado final da cúpula. Rubio acusou o país de racismo, violência interna e má gestão econômica, além de criticar temas defendidos em Joanesburgo, como diversidade, mudanças climáticas e inclusão — agendas que o governo Trump busca minimizar no bloco.
Rubio condicionou uma futura reintegração da África do Sul a uma mudança de governo. Segundo ele, apenas quando o país fizer “as escolhas necessárias” poderá retornar ao grupo. Até lá, afirmou, os EUA avançarão com a reformulação do G20.
A nova agenda americana deve priorizar redução de barreiras regulatórias, fortalecimento de cadeias de energia e estímulo à inovação. Esses temas devem dominar as reuniões preparatórias marcadas para 15 e 16 de dezembro em Washington. Trump planeja encerrar sua presidência no bloco sediando a cúpula de líderes em Mar-a-Lago, reforçando o estilo personalista de sua condução.
A substituição unilateral de um país no G20 não tem precedentes e deve gerar debate interno, já que decisões costumam depender de consenso. O movimento reacende discussões sobre governança global e possíveis realinhamentos geopolíticos.






