O Rio de Janeiro está entre as unidades da Federação com maior número de professores da educação básicaque serão beneficiados pela ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. Com a lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entra em vigor em 2026, mais da metade dos docentes fluminenses — 53,2% — passará a não pagar nada de IR, quase o dobro do percentual atual.
Antes da mudança na legislação, apenas 26,8% dos professores da educação básica no Rio de Janeiro eram totalmente isentos do Imposto de Renda. Com a ampliação da faixa de isenção para salários de até R$ 5 mil mensais, o número de docentes livres do tributo no estado praticamente dobra, segundo Nota Técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Além disso, outros 17% dos professores fluminenses serão beneficiados com redução nas alíquotas, válida para rendas de até R$ 7.350 por mês. O impacto também será sentido entre os que hoje pagam a alíquota máxima: a parcela de docentes no Rio tributada em 27,5% cairá de 49,3% para 29,8%.
Em âmbito nacional, a reforma do Imposto de Renda vai retirar 620 mil professores da educação básica da base de contribuintes. Com isso, 51,6% da categoria ficará totalmente isenta — ante 19,7% antes da mudança. Outros 21,9% entram na faixa de redução do tributo.
No total, cerca de 1 milhão de docentes em todo o país terão aumento da renda disponível, seja pela isenção total, seja pela diminuição do imposto pago mensalmente.
O ganho é especialmente relevante para professores com salários próximos ao piso nacional do magistério, fixado em R$ 4.867,77 em 2025. Segundo Paulo Nascimento, coordenador de educação do Ipea, esses profissionais antes arcavam com a alíquota máxima de 27,5%.
“Com a isenção até R$ 5 mil, passam a não pagar nada de Imposto de Renda sobre esse salário. O ganho médio anual estimado é de R$ 5.079,84, o que equivale, na prática, a quase um salário adicional no ano — como um 14º salário derivado apenas da reforma tributária”, afirma.
O estudo mostra que a nova tabela do IR beneficia tanto docentes com apenas um vínculo quanto aqueles que acumulam mais de um emprego. Entre os professores com um único vínculo e menor renda anual, 60,7% passam a ser isentos e 21,1% terão redução do imposto.
Já entre docentes com múltiplos vínculos — cerca de 17,5% da categoria —, 32,3% ficarão isentos e 26,1% terão redução. Para quem acumula a docência com outra ocupação fora da área, 40,2% passam a ser isentos e 20,9% terão desconto no tributo.
A ampliação da faixa de isenção tem efeito ainda mais expressivo na rede privada. Após a reforma, 82,2% dos professores de escolas particulares estarão isentos do Imposto de Renda, contra 42,5% na rede pública.
Segundo o pesquisador Adriano Senkevics, do Ipea, o dado reflete a estrutura salarial do setor. “A rede privada concentra remunerações mais baixas, muitas vezes inferiores ao piso do magistério público, o que faz com que mais docentes se enquadrem no novo teto de isenção”, explica.
Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Tocantins e Roraima lideram o ranking nacional, com 60% ou mais dos professores isentos. Já Amapá, Distrito Federal, Pará e Goiás concentram percentuais elevados de docentes ainda sujeitos à alíquota máxima, em razão de salários médios mais altos.
O estudo foi elaborado com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), considerando salários de 2022 corrigidos pelo INPC até outubro de 2025. O décimo terceiro salário e deduções legais não entraram no cálculo.






