A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta terça-feira (25/11), uma megaoperação para desmantelar o núcleo logístico, financeiro e político do Terceiro Comando Puro (TCP) na Baixada Fluminense. Entre os investigados está o vereador de São João de Meriti, Ernane Aleixo (PL-RJ), acusado de fornecer materiais e apoio para a construção de barricadas, além de intermediar nomeações com o objetivo de ampliar sua influência política. Ele foi preso.
As investigações conduzidas pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro apontam para uma rede de cooperação entre lideranças do TCP e autoridades locais, que supostamente ofereciam suporte operacional em troca de vantagens eleitorais e financeiras.
Denominada Muro de Favores, a operação cumpre oito mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, mirando uma estrutura que teria se consolidado por meio de alianças com agentes públicos da região. O objetivo é desarticular um esquema que integra tráfico de drogas, extorsão, homicídios e corrupção política. O vereador Ernane Aleixo (PL-RJ) foi preso durante a ação.
Rede criminosa
Segundo a Polícia Civil, o TCP na Baixada Fluminense opera sustentado por uma estrutura diversificada, que reúne tráfico de drogas, homicídios decorrentes de disputas territoriais, extorsão de comerciantes e lavagem de dinheiro. As comunidades Trio de Ouro, em São João de Meriti, e Guacha e Santa Tereza, em Belford Roxo, foram identificadas como áreas de atuação do grupo.
Mensagens e áudios coletados pela investigação mostram que o braço político da organização funcionava como um apoio estratégico para facilitar ações da facção — desde o fornecimento de recursos para a instalação de barricadas até articulações para obtenção de vantagens administrativas. Esse intercâmbio, segundo os investigadores, fortalecia a proteção e a expansão territorial do grupo criminoso.
Estrutura e liderança
O núcleo desarticulado era comandado por Marlon Henrique da Silva, o Pagodeiro, apontado como braço direito de Geonário Fernandes Pereira Moreno, o Genaro, líder do TCP na região. De acordo com a polícia, Pagodeiro tinha papel central tanto na articulação de homicídios quanto na administração financeira do grupo.
Documentos do inquérito revelam ainda que Pagodeiro, em depoimento preliminar, confessou participação direta em três assassinatos — entre eles o de uma mulher, durante confronto com uma facção rival em novembro de 2023. As autoridades destacam que o grupo utilizava armamento de uso restrito e mantinha elevada capacidade de intimidação.






