Quase metade das crianças e adolescentes brasileiros tem apresentado ansiedade, irritabilidade ou dificuldade de foco por causa do uso excessivo de telas, segundo uma pesquisa inédita do Projeto Brief sobre adultização e presença precoce de menores nas redes sociais. O levantamento ouviu 1.800 pais e mostrou que 46% deles percebem impactos emocionais diretos nos filhos, enquanto 8% relataram episódios de assédio ou abuso digital — número que dobra entre meninas de 13 a 15 anos.
O estudo indica que o acesso às plataformas acontece cedo: 77% das crianças e adolescentes já possuem celular próprio e 73% têm ao menos uma rede social ativa, mesmo nas faixas etárias em que o uso deveria ser restrito. Até entre menores de 7 anos, 28% já mantêm um perfil online. A supervisão também é falha: 35% das crianças publicam conteúdo sem qualquer acompanhamento, apenas 37% dos responsáveis sabem usar ferramentas de controle parental, 45% não utilizam e 18% nunca tiveram contato com esse tipo de recurso.
A pesquisa também mediu a percepção sobre responsabilidade e proteção digital. Para os pais, a segurança online deve ser dividida entre famílias (82%), plataformas (76%) e governo (61%). Mesmo assim, apenas 36% dizem conhecer o ECA Digital, aprovado neste ano para ampliar a proteção de menores na internet. Entre as medidas mais apoiadas estão identidade verificada de usuários (72%), relatórios de uso para pais (63%), limitação de comentários para menores (54%) e restrição de tempo de tela (46%).






