A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) intensificou uma operação emergencial para garantir o rápido fornecimento de antídotos contra intoxicação por metanol, que já soma quase 200 casos suspeitos no país. O presidente da agência, Leandro Safatle, afirmou ao jornal O Globo que laboratórios internacionais sinalizaram a possibilidade de enviar o fomepizol, principal medicamento utilizado no tratamento de contaminações pelo composto químico.
Segundo Safatle, o foco é garantir acesso imediato ao antídoto, combinando importações emergenciais e o aumento da produção interna de etanol farmacêutico, também eficaz no combate aos efeitos tóxicos do metanol.
Ações coordenadas e produção nacional
A Anvisa já recebeu respostas positivas de autoridades regulatórias de países como Finlândia, França, Japão e Canadá, que indicaram laboratórios habilitados a fornecer o fomepizol. O Ministério da Saúde assumiu a responsabilidade pela compra e distribuição dos medicamentos, com suporte técnico da agência para acelerar processos de importação e registro.
Paralelamente, um laboratório brasileiro se comprometeu a produzir e doar etanol farmacêutico ao governo federal. A expectativa é que o produto esteja disponível em até uma semana, permitindo atender os casos mais graves de intoxicação.
Crescimento dos casos e reforço na fiscalização
O aumento repentino de ocorrências — que normalmente não passavam de 20 por ano — acendeu o alerta entre as autoridades sanitárias. As investigações apontam que boa parte das intoxicações está relacionada à adulteração de bebidas alcoólicas, comercializadas de forma irregular e a preços muito baixos.
Para conter o avanço da crise, a Anvisa apoia as ações de vigilância sanitária em estados e municípios e participa, ao lado do Ministério da Agricultura e da associação de produtores de bebidas, de um programa nacional de capacitação de cinco mil fiscais. O objetivo é aprimorar a identificação de rótulos falsificados e produtos adulterados.
Safatle reforça que a adulteração de bebidas é crime e que as investigações cabem à Polícia Civil. A Anvisa, por sua vez, mantém foco em garantir que hospitais e unidades de saúde tenham acesso rápido aos medicamentos necessários para salvar vidas.
Com o avanço da chamada “crise do metanol”, o governo federal busca evitar novos surtos e assegurar o abastecimento de antídotos em todo o país.