A Câmara dos Deputados continua mantendo cerca de R$ 460 mil por mês para sustentar os gabinetes de Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, mesmo com os três fora do Brasil. O levantamento, baseado nas despesas de outubro, mostra que salários de assessores, cotas parlamentares e gastos administrativos seguem ativos. O regimento interno não exige presença física do parlamentar para o funcionamento das equipes.
O caso de Ramagem chamou atenção após a apresentação de notas fiscais de combustível enquanto ele participava remotamente das votações. A prática é proibida, já que despesas desse tipo só podem ser ressarcidas quando utilizadas pelo próprio parlamentar. Condenado pelo STF no julgamento da trama golpista, ele deixou o país no mesmo dia do voto de Alexandre de Moraes e continuou usando a cota parlamentar.
Os custos do gabinete de Ramagem atingem R$ 200 mil mensais, incluindo R$ 133 mil em salários de assessores e seu salário bruto de R$ 46 mil. Embora tenha apresentado atestados médicos sucessivos, a Câmara afirma não ter sido oficialmente comunicada sobre sua saída do país. Enquanto isso, despesas seguem sendo processadas e podem aumentar com novas notas apresentadas dentro do prazo legal.
Carla Zambelli, presa na Itália e com processo de extradição em andamento, teve a cota suspensa desde maio, mas seu gabinete permanece ativo. Em setembro, foram gastos R$ 103 mil, valor que subiu para R$ 130 mil em outubro. Situação semelhante envolve Eduardo Bolsonaro, que se mudou para os Estados Unidos após pedir licença do mandato. Mesmo sem salário desde julho, seu gabinete custou R$ 132 mil no último mês analisado.
Entre setembro e novembro, Ramagem ainda conseguiu registrar 124 votos de forma remota, até a Câmara proibir esse tipo de participação para quem está no exterior. Eduardo Bolsonaro também votou em uma sessão, mas teve o registro anulado. Em decisões recentes, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a fuga dos três deputados reforça a estratégia de evitar a aplicação da lei penal.






