O Hospital Regional da Mulher de Três Rios, projetado para ser referência em saúde materno-infantil, continua restrito a fundações de concreto, mesmo após repasse de quase R$ 12 milhões do governo do estado à prefeitura. A situação foi constatada durante fiscalização realizada em 26 de setembro pela deputada estadual Sarah Poncio (SDD-RJ) e pelo líder do governo na Alerj, Rodrigo Amorim (UB-RJ).
Recursos públicos sem aplicação comprovada
De acordo com levantamento financeiro, o governo do estado transferiu R$ 11.997.883,90 em julho de 2022. O contrato com a empresa MPE Engenharia e Serviços S/A, assinado em março de 2023, previa conclusão em 12 meses. Até setembro de 2025, apenas R$ 2,77 milhões foram pagos à construtora, deixando R$ 9,2 milhões sem comprovação de aplicação.
O contrato ainda passou por termo aditivo em novembro de 2023, com reajuste de 15,69% (R$ 3,1 milhões), e prorrogação de prazo em maio de 2025, mas a obra permanece parada.
Empresa com histórico de irregularidades
A MPE Engenharia foi declarada inidônea pelo Tribunal de Contas da União em 2020 por fraude em licitações. Apesar disso, foi novamente contratada para gerir quase R$ 20 milhões em recursos públicos destinados ao hospital.
Autoridades denunciam abandono
A deputada Sarah Poncio criticou a situação:
“Um hospital que deveria salvar vidas virou um esqueleto de concreto. Não estamos falando apenas de números, mas de mães que continuam sem atendimento digno. Vamos acionar todos os órgãos de controle para rastrear cada centavo e tirar esta obra do papel.”

Rodrigo Amorim acrescentou:
“R$ 12 milhões repassados e o que vemos é abandono e descaso. Não vamos permitir que essa farra com o dinheiro público continue sem resposta.”
Impacto para a população
O hospital foi anunciado como centro de referência para gestação de alto risco e atendimento neonatal. Sem ele, gestantes continuam precisando se deslocar para outros municípios em busca de atendimento.
Uma enfermeira da rede municipal, sob anonimato, resumiu:
“O hospital está parado, mas a necessidade não espera. As grávidas continuam chegando, os bebês nascendo, e nós seguimos improvisando. No papel, o hospital consta como entregue; na prática, só existe o esqueleto de concreto”, desabafou a enfermeira.