O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), elevou o tom contra o governo federal em meio ao desgaste provocado pela escolha de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para a vaga no Supremo Tribunal Federal. A insatisfação do senador já era conhecida nos bastidores, mas a crítica pública feita neste domingo (30) expôs de vez a crise.
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha anunciado a escolha de Messias no último dia 20, o governo ainda não enviou ao Senado a mensagem formalizando a indicação. O atraso é interpretado no Congresso como uma estratégia do Planalto para evitar uma votação desfavorável e ganhar tempo até a sabatina prevista para 10 de dezembro.
A movimentação irritou Alcolumbre, que rejeita o nome de Messias e atua para barrar a indicação. Em nota, o senador acusou o Executivo de tentar interferir em uma “prerrogativa exclusiva do Senado Federal” e afirmou que nada “alheio ao processo” será capaz de influenciar a decisão dos parlamentares.
A resposta do governo veio pouco depois. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, divulgou mensagem nas redes sociais rebatendo as declarações do presidente do Senado. Segundo ela, o governo jamais cogitou rebaixar a relação institucional a “fisiologismo ou negociações de cargos e emendas”, classificando as insinuações como ofensivas às instituições.
Nos bastidores, o Planalto tenta adiar a análise para ampliar sua base de apoio no Senado e evitar o desgaste político de uma derrota. A estratégia, porém, esbarra na resistência de Alcolumbre, que chegou a discutir a possibilidade de usar a própria publicação do Diário Oficial para dar início ao processo na CCJ, com leitura marcada para 3 de dezembro.
Enquanto a crise se intensifica, Jorge Messias tem percorrido gabinetes no Senado em busca de apoio — o tradicional “beija-mão” que antecede sabatinas decisivas. Caberá à Comissão de Constituição e Justiça conduzir a entrevista e votar a indicação antes da análise final no plenário.






