A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj discutiu, nesta terça-feira, um cenário preocupante da violência estatal contra mulheres em territórios vulneráveis. A audiência apresentou novos dados e análises que reforçam a necessidade de mudanças estruturais na política de segurança pública do estado.
Segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, 28 mulheres foram baleadas em operações policiais no Rio em 2025. Os casos se concentraram em regiões como Penha, Maré, Complexo do Alemão, Jacarezinho e Acari, áreas historicamente marcadas por confrontos armados e forte presença de ações policiais.
A deputada Renata Souza afirmou que a realidade exposta segue invisibilizada e ressaltou a importância da escuta das mulheres para orientar políticas efetivas. A pesquisadora Íris Rosa destacou o recorte racial e territorial dos dados, reforçando que a violência afeta majoritariamente mulheres negras de periferias, o que exige uma política de segurança baseada em evidências e controle das operações.
Representantes de organizações civis relataram também impactos indiretos das ações policiais. Segundo Tainá Alvarenga, mais de 40 casas foram violadas em operações na Maré, muitas chefiadas por mulheres que enfrentam traumas, insegurança e interrupções frequentes de sua rotina. O Ministério Público pontuou que são elas que lidam com os desdobramentos mais dolorosos após as incursões.
A audiência reuniu ainda integrantes da Defensoria, do Ministério Público e de organizações sociais, que apontaram que os danos ultrapassam as estatísticas de baleamentos e atingem dimensões psicológicas, econômicas e comunitárias. A comissão deve compilar as propostas apresentadas e encaminhar medidas para fortalecer a proteção a mulheres expostas à ação do Estado.






