O mesmo programa que devolveu vida à Praia do Flamengo, na Zona Sul, está sendo levado para a Praia da Bica, outro trecho da Baía de Guanabara. A promessa é que, no verão 2027, o espaço volte a receber banhistas após mais de quatro décadas de poluição. As praias da Guanabara e da Engenhoca também devem ser beneficiadas.
Segundo a concessionária Águas do Rio, as obras de interceptação de esgoto, a reforma da Estação de Tratamento da Ilha (Etig) e a posição privilegiada da Bica devem trazer bons resultados no segundo semestre de 2026. Inaugurada em 1969, a estação está sendo modernizada desde 2023 para dobrar sua capacidade, podendo chegar a algo próximo de 440 litros tratados por segundo.
O projeto prevê melhorias em todas as etapas do processo do tratamento do esgoto, afirma a empresa, com a instalação de grades automatizadas, a reforma dos decantadores e a troca de aeradores e da centrífuga. O objetivo é captar e levar para a Etig o esgoto jogado irregularmente na baía.
As ações da empresa começaram com a eliminação de ligações clandestinas: 249 foram desativadas, e mais de duas mil desobstruções realizadas. Ainda serão criados cinco novos pontos de coleta na Praia de São Bento, na Portuguesa, no Corredor Esportivo e no Jardim Guanabara. Assim, 4,9 milhões de litros de água contaminada deixarão de poluir a baía, o equivalente a duas piscinas olímpicas por dia. O investimento é de aproximadamente R$ 11,4 milhões.
Boletins do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) reforçam a tendência. Entre janeiro e setembro deste ano, a Praia da Bica foi considerada própria para banho em 40% das medições — quase o dobro de 2024. O órgão explica que a classificação de balneabilidade segue os critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e que as coletas poderão ser intensificadas conforme a melhora da qualidade da água.
As praias da Ilha do Governador foram balneários da Zona Norte muito frequentados por moradores e visitantes até o início dos anos 1970. Um grande baque ocorreu em março de 1975, com o vazamento de 20 mil toneladas de óleo do petroleiro iraquiano Tarik Ibn Ziyad na região. Depois, o despejo de esgoto irregular e de lixo só agravaram a situação.






