A dívida pública global voltou a ganhar ritmo e já se aproxima de 100% do PIB mundial, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). O movimento reverte o breve alívio observado após a pandemia e reacende preocupações sobre solvência, sustentabilidade fiscal e vulnerabilidade diante de choques econômicos.
Governos têm ampliado déficits e recorrido à emissão de dívidas com prazos cada vez mais curtos, numa tentativa de reduzir custos imediatos com juros. A estratégia, porém, aumenta a exposição a mudanças na percepção de risco dos investidores, que já demonstram maior cautela diante da deterioração das contas públicas em diversas regiões.
No fim do segundo trimestre, a dívida pública global alcançou US$ 101,3 trilhões, alta de 9% em um ano e equivalente a 97,6% do PIB mundial. O aumento é puxado por grandes economias como China, EUA, França e Japão. No caso americano, a dívida federal pode chegar a 145% do PIB até 2050, enquanto o déficit projetado para 2025 é de 5,9%.
O Brasil segue trajetória similar. A dívida bruta, pelo critério do FMI, atingiu 89% do PIB no segundo trimestre, a maior entre os emergentes, ficando atrás apenas da China. Economistas alertam que a elevação contínua do endividamento pressiona juros, reduz espaço fiscal e compromete a credibilidade do país, especialmente em um ambiente global de maior competição por capital.
Especialistas apontam que déficits persistentes, envelhecimento populacional, aumento de gastos em saúde e defesa e pressões populistas dificultam ajustes estruturais. Para o IIF e o BIS, o avanço descontrolado do endividamento exige respostas rápidas, sob risco de repetir cenários de vulnerabilidade que marcaram crises anteriores.






