Um estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que o estado pode criar mais de 676 mil empregos e ampliar de 17% para 23% sua participação no PIB nacional nos próximos dez anos. O levantamento identifica nove fronteiras estratégicas capazes de impulsionar o desenvolvimento industrial fluminense, como manutenção de aeronaves, fármacos de alto custo, economia digital e produção audiovisual voltada à exportação cultural.
Mapeamento revela vocações e gargalos da indústria fluminense
Apresentado no Encontro Empresarial 2025 da Firjan para cerca de 300 empresários no Centro do Rio, o estudo indica caminhos para expandir a indústria local e reforça a necessidade de superar entraves que afetam a competitividade. Entre as principais preocupações dos empresários estão a insegurança pública, a fragilidade no fornecimento de energia e a malha viária deficiente. Também há cobranças por uma política fiscal mais equilibrada.
Segundo o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, o levantamento compõe uma agenda estratégica para reposicionar o Rio: “Estamos diante de uma oportunidade única de estabelecer um marco na história econômica do estado”, afirmou.
Setores estruturantes e de consumo puxam a expansão
O estudo divide o potencial industrial em dois grandes grupos. O setor estruturante, composto por petróleo e gás, infraestrutura, metalmecânica e construção, pode abrir 438 mil vagas. Já o setor de consumo — alimentos e bebidas, audiovisual, tecnologia da informação e comunicação, química, farmacêutica, moda, têxtil e gráfico — tem potencial para gerar outros 238 mil postos de trabalho.
A projeção da Firjan mostra que o PIB industrial fluminense pode crescer R$ 279 bilhões em dez anos. Com estímulo às vocações mapeadas, esse avanço pode chegar a R$ 489 bilhões, um acréscimo de R$ 210 bilhões acima do cenário atual.
Insegurança e energia lideram a lista de desafios
A segurança pública é o principal fator que inibe investimentos: duas em cada três indústrias afirmam que decisões estratégicas são impactadas pela violência. Outro gargalo é o fornecimento de energia, que registrou perdas de R$ 1,7 bilhão no ano passado — suficiente para abastecer todas as residências do estado por cinco meses.
A malha viária fragmentada, a falta de integração entre portos e a ausência de logística intermodal também comprometem a competitividade. A Firjan defende que o Rio avance em infraestrutura integrada envolvendo aeroportos, ferrovias e terminais portuários, além de estabilidade regulatória e tributária.
Para Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, destravar esses entraves é essencial: “Segurança pública, custo da energia e modernização logística são prioridades para permitir que as novas fronteiras de desenvolvimento se concretizem.”
Ações começam em fevereiro e incluem diálogo com candidatos
A Firjan iniciará, a partir de fevereiro, uma agenda de ações para detalhar o estudo a indústrias de todas as regiões do estado. O material também será entregue aos candidatos ao governo do Rio nas eleições de 2026.
O levantamento se baseou em indicadores do IBGE, FGV, Banco Central e entrevistas com 200 especialistas e empresários, analisando 125 atividades industriais. Durante a apresentação, o prefeito Eduardo Paes reforçou que o documento funciona como uma “bússola” para orientar políticas públicas e o crescimento econômico do estado.
As nove fronteiras de desenvolvimento da indústria fluminense
Transição energética e economia circular: produção de energia limpa, expansão da indústria eletrointensiva e gestão eficiente de resíduos.
Turismo, cultura e economia criativa: fortalecimento da “Marca Rio”, moda, audiovisual e gastronomia como vetores de exportação cultural.
Complexo portuário-logístico: modernização de portos, aeroportos e rodovias e viabilização da ferrovia EF-118 para criação de corredores de escoamento.
Saúde, biotecnologia e farmoquímica: atração de fabricantes de medicamentos estratégicos e consolidação do Rio como hub nacional de saúde.
Economia do mar: fomento a estaleiros, turismo náutico de luxo, embarcações de lazer e descomissionamento sustentável de plataformas offshore.
Complexo aeroespacial e MRO: consolidação do Rio como centro latino-americano de manutenção e reparo de aeronaves.
Indústria química e petroquímica avançada: ampliação da produção de petroquímicos essenciais para a transformação industrial.
Hub de inovação, IA e data centers: atração de investimentos em economia digital, tratamento de dados e softwares voltados à indústria.
Agroindústria e bioeconomia: uso do gás natural para fertilizantes, produtos premium e ampliação da participação do Rio no agronegócio.






