Horas depois de a Polícia Federal cumprir mandados contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez um apelo público nas redes sociais ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele sugeriu que Trump suspenda a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e, em vez disso, aplique sanções diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Flávio, punir o país com uma tarifa afeta a economia como um todo, enquanto as supostas irregularidades estariam sendo cometidas por uma única pessoa. Segundo ele, seria mais justo que Trump sancionasse Moraes por “abusos de autoridade”, acusando o ministro de perseguir cidadãos, desrespeitar liberdades individuais e prejudicar a democracia brasileira.
“O justo seria Donald Trump suspender a taxa de 50% sobre importações brasileiras e meter sanção individual em quem persegue cidadãos e empresas americanas, viola liberdades, usa o cargo público para violar direitos humanos e implodir a democracia de um país para satisfazer seu próprio ego”, escreveu o senador nas redes sociais.
Contexto das buscas
A fala de Flávio Bolsonaro veio no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes autorizou buscas e apreensões na casa de Jair Bolsonaro e determinou medidas restritivas contra ele. Entre as medidas, estão:
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Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica
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Proibição de uso das redes sociais
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Proibição de contato com diplomatas e entrada em embaixadas
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Recolhimento domiciliar à noite e nos fins de semana
Pressão internacional
Aliados de Bolsonaro esperam que Trump use a chamada Lei Magnitsky, uma legislação dos EUA que permite sanções contra pessoas acusadas de violar direitos humanos. A ideia desse grupo é convencer Trump a mirar Moraes com punições pessoais, o que também poderia ser usado como argumento para suspender a nova tarifa sobre os produtos brasileiros.
No entanto, com o avanço das investigações no Brasil e o aumento das restrições contra Bolsonaro, essa chance se tornou mais remota.
A tarifa de 50% deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e pode prejudicar setores importantes da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria aeronáutica. O governo federal tenta ainda uma solução diplomática para evitar a crise comercial com os Estados Unidos, que agora também se mistura ao cenário político e judicial brasileiro.
O que a Polícia Federal encontrou
Durante a operação realizada em Brasília, agentes da PF apreenderam cerca de US$ 14 mil em espécie na casa de Bolsonaro. O ex-presidente confirmou que guardava o dinheiro e afirmou ter um recibo do Banco do Brasil.
Além disso, a polícia encontrou um pendrive escondido no banheiro, que será analisado pela perícia técnica.
Ter dinheiro vivo em casa não é ilegal, mas valores acima de US$ 10 mil devem ser declarados à Receita Federal ao atravessar fronteiras. A investigação atual apura suspeitas de obstrução de Justiça, coação e ameaça à soberania nacional.