Após retomar o controle da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou na noite desta quarta-feira (6/08) que a democracia “não pode ser negociada” e criticou o uso de interesses pessoais ou eleitorais acima da vontade popular.
A declaração foi feita logo após o fim da ocupação do plenário por parlamentares da oposição, que protestavam contra a decisão de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ato havia paralisado os trabalhos legislativos desde a terça-feira (5).
“Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”, disse Motta durante a sessão.
Durante a crise, o presidente da Câmara chegou a ameaçar suspensões de mandatos por até seis meses e acionou a polícia legislativa, que foi posicionada na entrada do plenário. Após negociações, os deputados oposicionistas se retiraram e a sessão foi reaberta.
Em seu pronunciamento, Motta disse que sua volta à Mesa tinha o objetivo de reafirmar a autoridade institucional da Presidência e o papel do Parlamento.
“Nossa presença nesta Mesa, na noite de hoje, é para garantir duas coisas: a primeira é o respeito a esta Presidência, como quer que seja; e a segunda, é para que esta Casa possa se fortalecer”, afirmou.
Ele também reconheceu o momento de instabilidade política, classificando sua função como uma das mais desafiadoras do país no atual cenário.
“Talvez, neste momento, estejamos ocupando uma das cadeiras mais desafiadoras do país, pelo momento que estamos vivendo, por aquilo que, sem dúvida, esta sempre foi e sempre será: a Casa do debate.”
Motta encerrou o discurso defendendo o diálogo como caminho para a construção de soluções políticas legítimas. “Vamos continuar apostando no diálogo. Só o diálogo é que mostrará a luz das grandes construções que o Brasil precisa. Nossa democracia não pode ser negociada.”
Tumulto e tensão no plenário
Pouco antes do início da sessão, Motta foi impedido de sentar-se na cadeira da Presidência pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), que fazia parte do grupo de parlamentares que ocupava o plenário. Após um breve impasse e conversa entre os dois, van Hattem cedeu e o presidente reassumiu o comando da Casa.
Para garantir o andamento dos trabalhos, Motta determinou o fechamento do acesso ao plenário. “Essa Mesa não será refém de nenhum tipo de ameaça. Não é um gesto de enfrentamento, é um gesto de reafirmação da democracia brasileira”, declarou.