Três dias após a megaoperação policial que deixou mais de cem mortos nos complexos do Alemão e da Penha, o episódio continua a repercutir na imprensa internacional, que descreve o caso como um cenário de guerra urbana e questiona a condução da política de segurança no Rio de Janeiro.
O Washington Post destacou que a ação teve “dimensão sem precedentes” e gerou protestos, acusações de uso excessivo da força e pedidos de renúncia do governador Cláudio Castro. Já o Clarín, da Argentina, enviou um repórter ao Rio e classificou o confronto como uma “batalha sangrenta”, sugerindo que o episódio pode ter motivações mais amplas do que aparenta.
O La Nación também descreveu o episódio como um “massacre nas favelas”, retratando uma cidade partida: “Ao norte, o necrotério e os hospitais; ao sul, a praia tentando ensaiar uma normalidade com limites”, escreveu o jornal.
No Reino Unido, a BBC avaliou que a operação representa “uma tentativa do governador de ocupar o espaço político deixado pela direita”. Já o New York Times publicou imagens aéreas dos corpos perfilados por moradores e afirmou que o governador busca reforçar sua base conservadora antes das próximas eleições. O jornal norte-americano também ressaltou que operações desse tipo pouco afetam o poder das facções, pois atingem “os militantes de base, e não os líderes das organizações”.
A megaoperação, coordenada pelo governo fluminense, mobilizou cerca de 2.300 agentes em 26 comunidades dos complexos da Penha e do Alemão. O balanço oficial aponta 121 mortos, 113 presos e 12 feridos, entre eles quatro policiais civis.
A repercussão internacional reacende o debate sobre violência de Estado, desigualdade social e eficácia das ações de confronto. Para analistas ouvidos pela imprensa estrangeira, o episódio consolida o Rio como símbolo de um modelo de segurança pública em crise, em que a letalidade se impõe sobre a política de prevenção.
				





