O Iphan aprovou nesta quarta-feira (26) o tombamento definitivo do antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro do Rio. A construção, inaugurada em 1910 e projetada por Heitor de Mello, foi criada para sediar a repartição central de polícia e se tornou um símbolo de um período de repressão no país.
Entre 1962 e 1975, o imóvel abrigou o Dops, órgão marcado por prisões arbitrárias, torturas e perseguições políticas durante a ditadura militar. Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, o tombamento homenageia as vítimas e reforça a importância da memória para evitar que erros do passado se repitam.
O edifício, abandonado há 15 anos, também já recebeu o Acervo Nosso Sagrado, formado por objetos de religiões de matriz africana confiscados em ações policiais entre 1890 e 1946. A decisão garante a preservação de sua arquitetura eclética, com vitrais, cúpula e decoração de influência francesa, considerada um marco da Belle Époque no Rio.
Com o tombamento, o Iphan passa a proteger a integridade estrutural e cultural do prédio, que não poderá ser alterado ou demolido sem autorização. O Ministério Público Federal e o Movimento Tortura Nunca Mais defendem que o espaço se transforme em um centro de memória e direitos humanos.
A Secretaria de Patrimônio da União acompanha o estudo para definir o futuro uso do imóvel, que será conduzido pelo Ministério da Cultura em conjunto com outros órgãos federais. O prédio foi esvaziado em 2011 por risco de desabamento após danos causados por obras em uma construção vizinha.






