O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan se reúne nesta quarta-feira (26) para decidir sobre o tombamento definitivo do edifício que abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), na Rua da Relação, no centro do Rio. O local teve papel central na repressão, vigilância e tortura de opositores durante a ditadura militar.
A proposta sustenta que o imóvel tem relevante valor histórico e artístico, pedindo sua inscrição nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes. Com isso, o prédio passaria a integrar oficialmente o conjunto de bens protegidos pelo Iphan, reforçando políticas de preservação da memória e de fortalecimento da democracia.
Inaugurado em 1910 como sede da Repartição Central de Polícia, o prédio abrigou diferentes polícias políticas ao longo do século. Entre 1962 e 1975, funcionou ali o DOPS-RJ, que atuava no monitoramento, investigação e repressão de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, artistas e quaisquer grupos considerados ameaças ao regime.
As instalações — incluindo celas e salas de interrogatório com revestimento acústico — ainda preservam marcas e inscrições de presos políticos. A repressão atingiu diversos segmentos da sociedade, como mulheres, negros e praticantes de religiões de matriz africana, que tiveram objetos de culto apreendidos.
Atualmente, movimentos de direitos humanos e o Ministério Público Federal defendem que o prédio seja transformado em um Centro de Memória e Direitos Humanos. A proposta busca transformar o espaço em referência para educação, justiça e enfrentamento ao autoritarismo, garantindo que as violações do período não sejam esquecidas.






