A Justiça do RJ expediu na manhã desta terça-feira (22/07) um mandado de prisão contra Oruam. O rapper foi indiciado por 6 crimes após, segundo a Polícia Civil, impedir a apreensão de um menor procurado por roubo na noite de segunda (22). O artista teria buscado refúgio no Complexo da Penha após o episódio.
O secretário Felipe Curi, chefe da instituição, afirma que Oruam e amigos atacaram agentes e frustraram o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra esse adolescente infrator.
Segundo Curi, Oruam foi indiciado por tráfico, associação ao tráfico, lesão corporal, resistência qualificada, dano ao patrimônio público e desacato por conta do episódio, na casa onde o artista mora, no Joá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado, ligado ao Comando Vermelho, facção que o pai dele, o Marcinho VP, controla a distância de fora do estado, mesmo estando preso em presídio federal”, afirmou.
A defesa de Oruam disse que não teve acesso ao inquérito policial até o momento, e que, por isso, não vai se manifestar.
Segundo Curi, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) obteve a informação de que na casa de Oruam estava um adolescente de 17 anos, identificado como Menor Piu, “um dos maiores ladrões de veículos do estado e segurança do traficante Doca”.
Doca é Edgar Alves de Andrade, um dos chefes do Comando Vermelho (CV) no RJ e “dono” do Complexo da Penha.
“Havia um mandado de busca e apreensão contra o Menor Piu por vários crimes [fatos análogos, por se tratar de um adolescente infrator]”, destacou o secretário. “Como já era quase madrugada, obviamente nós não poderíamos entrar na residência dele. Ficamos ali esperando a movimentação. Ele saiu da casa e, já em via pública, foi feita a abordagem”, narrou Curi.
Nesse momento, Oruam postou um apelo nos stories: “Quem tiver de moto brota no Joá”, escreveu. “Me ajuda, eles estão aqui na minha porta.” Os ânimos se acirraram quando Menor Piu foi colocado numa picape descaracterizada.
“Oruam viu da varanda da casa dele e começou a tacar pedras em cima dos policiais”, afirmou Curi. “Acertaram a viatura e machucaram o policial que acompanhava o Moysés [Santana, delegado da DRE].” O MC foi até a rua e passou a xingar os policiais. “Delegado da Civil! Tu é c*zão! Filha da p*ta! Tá tudo gravado! Você é covarde!”, gritou o MC. No tumulto, Menor Piu conseguiu abrir a porta esquerda traseira da picape e saiu correndo.
“Após esse evento, ele fugiu e se escondeu no Complexo da Penha”, falou o chefe da Polícia Civil.
O que disse Oruam
Supostamente após a fuga para a Penha, Oruam postou uma sequência de vídeo nos stories. “Aí, tropa, posta isso daí, tropa: tem mais de 20 viaturas na porta da minha casa. O mesmo delegado que me prendeu, eu estava saindo, botou uma pistola na minha cara, tentou me prender, conseguimos sair”, declarou.
“Claro que ele vai querer prender nós! Nós é filho de bandido! Nós não é ninguém, vai entrar na nossa casa à meia-noite, vai fazer o que quiser com nós”, disse. “Tudo o que eu conquistei foi com minha música! Vai tomar no c*!” Depois, ele repostou um vídeo de um quarto revirado, supostamente pelos policiais.
Em nova selfie, Oruam afirma estar no Complexo da Penha. “Aí! Eu quero ver você vir aqui, pô! Me pegar aqui dentro do complexo! Não vai me pegar, sabe por causa de quê? Que vocês peida!”, afirmou. “Lá no Joá vocês vai me envergonhar mesmo. A troco de nada. Mas o que que nós fez? Nós é artista, p*rra. Vai tomar no c*! Ontem eu tava com o Travis Scott! E eu sou filho do Marcinho, seus filhas da p*ta!”
Para Curi, esse vídeo “é a confissão dele de que ele se trata realmente de um marginal faccionado e desafiando as autoridades”.
Já pela manhã, Oruam escreveu: “Eu fui o primeiro que eles abordaram. Consegui sair da mão deles. Estão mentindo. Eles provocaram essa situação para fazer isso comigo”.
Oruam é o nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno. Ou seja, Oruam é Mauro escrito ao contrário. Ele é filho de Marcinho VP, preso por assassinato, formação de quadrilha e tráfico, apontado pelo Ministério Público como um dos chefes do Comando Vermelho. O rapper tem uma tatuagem em homenagem ao pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.