Em Maricá, a natureza demonstrou que, mais uma vez, a vida supera a arte. Remadores que estavam na Lagoa Jacaroá, viram o movimento dos remos criar feixes de luz azulada irromperem nas águas. Rastros iluminados seguiam o caminho dos peixes, criando um show de cores e formas. Este espetáculo, que parece mesmo efeito especial de cinema é, na verdade, um fenômeno natural chamado bioluminescência.
A bioluminescência é a capacidade que alguns seres vivos têm de produzir e emitir luz por meio de reações químicas em seus próprios corpos. Essa luz é gerada por uma reação entre uma substância chamada luciferina e uma enzima chamada luciferase, na presença de oxigênio. Diferente de outras formas de iluminação, a bioluminescência é extremamente eficiente, produzindo luz com pouquíssimo calor.
Ela é comum em organismos marinhos, como alguns peixes, águas-vivas, algas e plânctons, mas também ocorre em insetos terrestres, como os vaga-lumes. Os seres vivos usam a bioluminescência para várias finalidades, como atrair presas, se camuflar, se comunicar ou afastar predadores. Em resumo: é uma “luz viva”, produzida por organismos como parte de sua biologia natural.
A bioluminescência ocorre com mais frequência no ambiente marinho, especialmente nas profundezas dos oceanos. Estima-se que mais de 75% dos organismos das águas profundas sejam bioluminescentes de alguma forma. Algumas espécies de plâncton brilham quando a água é agitada — por ondas, embarcações ou até nadadores. O fenømeno é visível com mais frequência em lugares como a Baía Mosquito, em Porto Rico; na Ilha de Vaadhoo, que faz parte do arquipélago das Maldivas; nos mares da Tailândia e, em raríssimas ocasiões, em praias da Paraíba e Bahia.
Esse processo foi favorecido pelo desassoreamento dos canais, iniciado em fevereiro de 2025 pela Prefeitura de Maricá para melhorar a circulação de água entre o mar e a lagoa. Um dos resultados é que microalgas do tipo dinoflagelado que entraram na Lagoa Jacaroá vindas do oceano. Essas microalgas, quando agitadas — seja por ondas, peixes, remos ou pessoas nadando — ativam um mecanismo químico de defesa: liberam uma enzima que reage com o oxigênio e gera luz azul fluorescente. É um fenômeno natural que não indica poluição. Pelo contrário.