O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta quarta-feira (29) com o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros para discutir a crise de segurança pública no Rio de Janeiro, agravada após a megaoperação policial que deixou mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
Participaram da reunião os ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos). Também esteve presente o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, ex-deputado federal e ex-presidente da CPI das Milícias.
Lula chegou de viagem na noite de terça-feira, vindo da Ásia, e foi informado sobre a dimensão da crise apenas ao pousar em Brasília, por volta das 20h30. Segundo integrantes do governo, o presidente e sua comitiva ficaram incomunicáveis durante o trajeto, o que atrasou a reação do Planalto à escalada da violência no estado.
Na noite anterior, Alckmin havia convocado uma reunião emergencial com a presença de Rui Costa, Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Macaé Evaristo, e representantes da Defesa, Polícia Federal e Exército. O ministro Ricardo Lewandowski participou por telefone, pois cumpria agenda no Ceará.
Durante o encontro, representantes das forças federais afirmaram não terem sido informados previamente sobre a operação conduzida pelo governo fluminense. Lewandowski confirmou publicamente que não foi consultado nem comunicado pelo governador Cláudio Castro (PL) antes da ação.
Pela manhã, Castro declarou que solicitou três vezes apoio com blindados das Forças Armadas, mas teve o pedido negado. Segundo o governo federal, a cessão dos veículos exigiria a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que não foi solicitado formalmente pelo governador.
— “Todo mundo ficou surpreso com a operação dessa magnitude. Para ter sucesso, ações grandes precisam ser integradas, com participação do governo federal”, afirmou Gleisi Hoffmann após o encontro com Alckmin.
A ministra ressaltou que Castro reconheceu, em ligação posterior, que não pediu GLO nem apoio direto à União, apenas equipamentos. “Não é algo simples. O governo federal só pode intervir se houver um pedido formal”, completou.
Em nota, a Casa Civil informou que Rui Costa ligou para o governador e ofereceu vagas em presídios federais para abrigar líderes de facções criminosas. O ministro também propôs uma reunião emergencial no Rio de Janeiro, com a presença dele e de Lewandowski, mas o encontro ainda não foi confirmado.






