O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (4) que o governo federal vai pressionar por uma investigação independente sobre a megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro na semana passada, entre eles quatro policiais. A ação, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, teve como alvo integrantes do Comando Vermelho e é considerada a mais letal da história do país.
Durante entrevista à imprensa internacional em Belém, Lula classificou o episódio como uma “matança” e criticou a forma como a operação foi conduzida. “A ordem do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança, e houve uma matança”, disse o presidente, ao defender apuração rigorosa das circunstâncias das mortes.
As autoridades fluminenses, no entanto, têm tratado o episódio de forma diferente. O governador Cláudio Castro (PL) declarou que as “únicas vítimas reais” foram os policiais mortos e sustentou que todos os outros mortos eram criminosos. A declaração gerou novas tensões entre o governo estadual e o federal, em meio à pressão de entidades de direitos humanos por transparência e responsabilização.
Lula ressaltou que a operação levanta questionamentos sobre o papel do Estado na segurança pública e o equilíbrio entre combate ao crime e respeito aos direitos humanos. “Do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, afirmou.
O episódio ocorre em um momento delicado para o governo, que tenta conciliar o discurso de segurança com o compromisso de combater abusos policiais. O Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Justiça devem acompanhar de perto a investigação sobre o caso.






