Antes de mais nada, em 23 de setembro de 2005, a revista Veja, trouxe à tona um dos episódios mais sombrios da história do futebol brasileiro. Conhecido como “Máfia do Apito”, o escândalo revelou um esquema de manipulação de resultados comandado pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho.
Assim, o impacto foi imediato: 11 partidas do Campeonato Brasileiro daquele ano precisaram ser anuladas e remarcadas, mudando completamente o rumo da competição.
Passadas duas décadas, o caso segue sendo lembrado como o maior escândalo esportivo do país. Desse modo, à época, as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo identificaram cerca de 40 jogos manipulados, incluindo duelos da Libertadores e do Campeonato Paulista.
A mecânica era simples, mas devastadora: árbitros eram subornados para alterar o resultado das partidas, beneficiando grupos de apostadores e empresários. Diferente dos casos mais recentes, ligados ao avanço das casas de apostas online, em 2005 os protagonistas eram figuras do próprio campo de jogo.
Desse modo, para marcar os 20 anos do episódio, a produtora Feel The Match, em parceria com a Globo, lançou o documentário Máfia do Apito, disponível na Globoplay.
A série, dirigida por Bruno Maia, traz três episódios recheados de depoimentos inéditos, incluindo falas do próprio Edílson Pereira de Carvalho, do empresário Nagib Fayad, conhecido como “Gibão”, além de jornalistas como André Rizek e Thaís Oyama, que acompanharam de perto o desenrolar da crise.
Corinthians foi campeão em 2005
“O caso não é apenas sobre manipulação, mas sobre como a credibilidade de um esporte inteiro pode ser abalada por escolhas individuais. É uma história que precisa ser recontada para que não se repita”, afirma Bruno Maia, CEO da Feel The Match.
Antes de tudo, produção também revisita polêmicas que continuam gerando debate, como o título do Corinthians em 2005, diretamente impactado pelas partidas anuladas. Portanto, ao relembrar os bastidores, o documentário oferece novas perspectivas sobre um episódio que, mesmo após 20 anos, ainda ecoa na memória coletiva dos torcedores brasileiros.
Máfia do Apito: Edilson Pereira de Carvalho tentou suicídio
“Já pensei em fazer besteira. Três vezes coloquei o revólver no meu ouvido. Hoje, graças a Deus, não fiz isso. Eu disparei e pegou no teto. Sofri demais durante cinco anos. Fiquei completamente trancado dentro de casa. Precisava continuar com sustento, tenho minha esposa, minha filha. Onde tem gente, eu não vou. O que eu sofri mesmo foi aí… Na procura de empregos. Me deixa em paz, por favor, deixa eu viver. Não é todo mundo santo, os torcedores, ou todo ser humano. Só eu errei nessa vida?”, disse o ex-árbitro.