Muito antes do GPS, das grandes avenidas e da verticalização que hoje define a paisagem carioca, o Rio já era cuidadosamente desenhado em mapas, cartas náuticas e imagens que ajudaram a projetar a cidade para o mundo. Parte desse material histórico está preservado na Mapoteca do Itamaraty, um dos mais importantes conjuntos cartográficos e iconográficos da América Latina, que vem ampliando o acesso público ao seu acervo por meio de plataformas digitais.
O acervo reúne mapas manuscritos e impressos que vão do início do século XVI até o século XX, além de atlas, desenhos e registros visuais que permitem acompanhar a transformação do território ao longo dos séculos. Entre os documentos, estão algumas das primeiras representações cartográficas da costa do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara, produzidas a partir das rotas das grandes navegações e da visão dos primeiros exploradores.
As peças ajudam a entender como surgiram bairros, igrejas, edificações e vias que ainda hoje fazem parte da cidade. Regiões como o Centro, Botafogo e a área portuária aparecem nos mapas. Mudanças simbólicas também são registradas, como a antiga Rua Direita, que se tornou Primeiro de Março, e a Avenida Central, rebatizada como Rio Branco em 1912, em homenagem ao patrono da diplomacia brasileira.
Além do valor histórico, o acervo também é considerado raro pela quantidade e pelo estado de preservação dos documentos. Ao todo, o conjunto mantido pelo Itamaraty reúne mais de 200 mil itens, incluindo mapas, imagens e registros iconográficos. Parte desse material já está disponível ao público em formato digital, por meio de um catálogo ilustrado online, que permite a consulta remota a mapas e imagens históricas.
O acervo integra o complexo do Palácio Itamaraty, no Centro do Rio, símbolo da diplomacia brasileira. O conjunto arquitetônico passa atualmente por ações de preservação e revitalização viabilizadas pela Lei Rouanet, com foco na conservação dos edifícios, na proteção dos acervos e na ampliação do acesso público ao patrimônio histórico.
No local funcionam o Centro de História e Documentação Diplomática da Fundação Alexandre de Gusmão, o Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores no Rio e o Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty, criado em 1955. O museu abriga mais de 5,5 mil itens, com destaque para a coleção do Barão do Rio Branco.
Construído entre 1851 e 1854 como residência do Conde de Itamaraty, o palácio foi incorporado ao patrimônio público no fim do século XIX e abrigou o Ministério das Relações Exteriores até a transferência da capital para Brasília. Tombado pelo Iphan em 1938, o conjunto é um dos primeiros bens protegidos em nível federal.






