O Sistema Guaxupé, criado por pesquisadores da Embrapa na Amazônia, tornou-se uma das principais apostas para reduzir a emissão de metano na pecuária brasileira. A técnica usa o amendoim forrageiro — planta capaz de fixar nitrogênio no solo — para melhorar o pasto e diminuir o impacto climático do gado. Para especialistas, o método une sustentabilidade e aumento de produtividade.
O amendoim forrageiro tem papel central no processo: além de melhorar o valor nutricional da pastagem, ele ajuda a acelerar o ganho de peso dos animais e a reduzir a liberação de metano no processo de ruminação. A leguminosa também age como uma barreira natural contra ervas daninhas, permitindo que produtores usem menos agrotóxicos. O desafio, porém, é que a planta exige solos úmidos e tem desenvolvimento mais lento.
O sistema é estruturado em quatro pilares: diversificação de espécies, autossuficiência em nitrogênio com o amendoim forrageiro, controle rigoroso de plantas daninhas e manejo adequado da lotação do pasto. Segundo a Embrapa, a combinação reduz o risco de pragas, melhora a qualidade da forragem e evita a degradação causada pelo excesso de animais na área.
Pesquisadores explicam que gramíneas e leguminosas cumprem papéis complementares. As gramíneas fornecem volume e acumulam carbono, enquanto as leguminosas enriquecem o solo e aumentam o valor nutricional da pastagem. Essa diversidade funciona como uma “blindagem” natural, diminuindo perdas e tornando a atividade mais eficiente ao longo do ano.
O Sistema Guaxupé surgiu após produtores do Acre relatarem a morte de pastagens encharcadas, fenômeno conhecido como Síndrome da Morte do Braquiarão. A solução se mostrou eficaz em áreas úmidas da Amazônia e pode ser adotada em regiões de condições semelhantes, como o litoral, trechos da Mata Atlântica e partes do Cerrado. Apesar do custo inicial mais alto, pesquisadores afirmam que o retorno tende a ser positivo, com menor gasto em herbicidas e maior desempenho do rebanho.






