Morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos, o cantor e compositor Jards Macalé. Ele estava internado havia 15 dias tratando um enfisema pulmonar, quando sofreu uma parada cardíaca. A notícia foi confirmada em seu perfil oficial, acompanhado de mensagens de despedida da equipe e da família.
Carioca da Tijuca, Macalé cresceu cercado por ritmos que ajudaram a moldar sua sensibilidade musical. Entre sambas vindos do Morro da Formiga e modinhas cantadas pela mãe, encontrou no violão “estranho” influências de João Gilberto e da Bossa Nova. Esse conjunto deu origem ao estilo singular que o acompanhou por toda a vida.
A partir dos anos 1960, iniciou parcerias com Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Criou canções marcantes como Vapor barato e Movimento dos barcos, e atuou como arranjador e diretor musical. Mesmo em meio a movimentos como a Tropicália, preservou independência estética e postura crítica.
Na poesia de Waly Salomão, Torquato Neto e Capinan, encontrou afinidades que ampliaram sua experimentação. Participou de projetos essenciais, como Transa, de Caetano, gravado em Londres. Seu trabalho, muitas vezes associado à vanguarda, tornou-se referência para músicos de diferentes gerações no Brasil e no exterior.
Mesmo após décadas de carreira, manteve uma produção intensa e inquieta. Lançou Besta fera em 2019 e seguiu com discos como Síntese do lance e Mascarada. Sua obra, marcada pela liberdade criativa, permanece como um dos pilares mais autênticos da música brasileira contemporânea.






