A pressão nas redes sociais contra a PEC da Blindagem, aprovada na terça-feira pela Câmara dos Deputados, levou parlamentares que votaram a favor da medida, tanto da direita quanto da esquerda, a recuarem e, até mesmo, pedirem desculpas pelo posicionamento.
O movimento digital, que mobilizou desde artistas até entidades da sociedade civil, também provocou uma incomum vitória da esquerda nas plataformas, segundo levantamento da consultoria Bites feito a pedido do Jornal O Globo.
As justificativas pelo voto favorável à proposta foram diversas, de ameaças de retaliações internas a “sacrifícios” para tentar evitar a votação da anistia.
O movimento dos parlamentares tem relação direta com o termômetro das redes. Um levantamento da Bites mostra que, desde terça-feira, a PEC da Blindagem gerou quase 1,6 milhão de menções. A maior parte deste volume veio da plataforma X. A análise mostra que a discussão sobre o tema foi dominada pela esquerda, porém sem tanto engajamento de perfis que não acompanham política, como aconteceu na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Desde quarta-feira, dia seguinte à votação, o volume de menções diminuiu. A Bites aponta que há poucos sinais de que o tema tenha saído da bolha, o que pode ter ocorrido por uma sobreposição da pauta com a aprovação da urgência da tramitação do projeto sobre a anistia.
Um levantamento da consultoria Arquimedes aponta que o campo progressista representou 89% dos perfis que abordaram a PEC e se somou a um grupo de direita não bolsonarista (4% do total), também crítico ao texto e formado principalmente por simpatizantes do MBL. Já os bolsonaristas representaram apenas 7% do debate e buscaram justificar a necessidade de acordo para votar uma anistia.