O Ministério Público da França pediu, nesta quarta-feira (26), a condenação da Airbus e da Air France no julgamento de apelação pelo acidente do voo Rio–Paris, ocorrido em 2009. As duas empresas, acusadas de homicídio culposo, haviam sido absolvidas em primeira instância, em abril de 2023.
Segundo os procuradores-gerais, a decisão anterior deve ser anulada. Eles classificaram como “indecente” a linha de defesa apresentada pelas companhias e afirmaram que o caso exige uma sentença condenatória. Mesmo em caso de punição, a multa máxima prevista para cada empresa é de 225 mil euros.
O desastre completou 16 anos em 2025. Em 1º de junho de 2009, o Airbus A330 que operava o voo AF447 entre Rio e Paris caiu no Oceano Atlântico durante a madrugada, matando 228 pessoas — entre elas, 58 brasileiros e 61 franceses. A tragédia se tornou uma das mais marcantes da aviação comercial.
O avião perdeu contato com o controle aéreo de Dacar, no Senegal, e só posteriormente se confirmou a queda a algumas centenas de quilômetros de Fernando de Noronha. Parte dos destroços foi encontrada na superfície, mas as caixas-pretas só foram localizadas quase dois anos depois, em maio de 2011.
Com os dados recuperados, a investigação confirmou que cristais de gelo bloquearam os tubos de pitot — sensores que medem a velocidade. Sem parâmetros confiáveis, o piloto automático foi desligado, e decisões equivocadas da tripulação levaram o Airbus ao estol, perda de sustentação que não pôde ser revertida. O impacto foi inevitável.
O caso provocou mudanças globais: reforço no treinamento de pilotos para situações de estol em altitude, revisão de procedimentos e substituição dos sensores em toda a frota.
Agora, cabe ao Tribunal de Apelação de Paris decidir se Airbus e Air France serão responsabilizadas pelo acidente que marcou para sempre as famílias das vítimas.






