A baixa presença feminina no setor de transporte voltou ao centro do debate durante o Rio de Transportes, realizado nesta quinta-feira no Museu do Amanhã. No painel “Mulheres que Transformam a Mobilidade”, especialistas discutiram desafios e caminhos para ampliar a atuação das profissionais em um segmento historicamente dominado por homens.
A diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, apresentou dados que mostram a dimensão da desigualdade. Apenas 17% da força de trabalho no setor é composta por mulheres e só 4% das habilitações categoria D pertencem a elas. Para a especialista, fatores culturais e estruturais ainda afastam potenciais candidatas e dificultam a permanência das que ingressam.
Entre os obstáculos citados estão a falta de vestiários e banheiros femininos ao longo das rotas, escalas incompatíveis com responsabilidades de cuidado e ambientes de trabalho onde a discriminação ainda está presente. Segundo Richele, muitas mulheres sequer se candidatam por não se enxergarem nesse espaço, que permanece marcado por barreiras invisíveis e estruturais.
Richele destacou também o programa NTU Mulher, iniciativa nacional voltada a ampliar a participação feminina no transporte público. O movimento propõe metas, diagnósticos e ações de capacitação, com o objetivo de incentivar candidaturas, qualificar profissionais e promover adaptações de infraestrutura adequadas às necessidades das trabalhadoras.
O painel teve ainda a presença de Priscila Haidar Sakalem, secretária estadual de Transporte; Eleonora Pazos, representante da UITP; e Helena Cybis, pesquisadora da UFRGS. A mediação foi conduzida por Lais Orrico, do LinkedIn, em uma discussão que reforçou a urgência de transformar o setor com políticas mais inclusivas.






