Um complexo recém-inaugurado em Campinas, interior de São Paulo, começa a produzir duas tecnologias biológicas inovadoras para combater a dengue e reduzir as populações do mosquito Aedes aegypti. A instalação terá capacidade de fornecer até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana, suficientes para proteger cerca de 100 milhões de pessoas por ano, e também fabrica os produtos da linha Aedes do Bem, capazes de diminuir em até 95% a população de mosquitos em áreas urbanas.
A fábrica da Oxitec Brasil, inaugurada na quinta-feira (2), surge como resposta ao chamado da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar o acesso a soluções eficazes no controle de vetores, reforçando a luta contra a dengue no Brasil e no mundo. A instalação está pronta para fornecer mosquitos portadores de Wolbachia ao governo, aguardando apenas aprovação da Anvisa.
As duas tecnologias funcionam com a liberação de mosquitos em áreas urbanas, mas de formas complementares. A Wolbachia é indicada para grandes campanhas de saúde pública: a bactéria impede que o mosquito transmita dengue, zika e chikungunya, reduzindo a transmissão em mais de 75%, segundo projetos-pilotos. Já o Aedes do Bem atua de forma direcionada, liberando apenas mosquitos machos que se acasalam com fêmeas locais, gerando descendentes exclusivamente masculinos e eliminando as fêmeas que picam.
“O ideal é usar primeiro o Aedes do Bem para reduzir a população e, em seguida, liberar a Wolbachia para vacinar os mosquitos restantes, garantindo maior proteção contra a doença”, explica Natalia Verza Ferreira, diretora-executiva da Oxitec Brasil.
O protocolo de aplicação no Brasil considera a temporada de mosquitos, de outubro a maio, com liberação da Wolbachia iniciando dois meses após o fim da supressão populacional. Ambas as tecnologias já foram disponibilizadas ao Ministério da Saúde como políticas públicas de prevenção, visando expandir a cobertura da Wolbachia de forma rápida, econômica e eficiente.
Fabiano Pimenta, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, destacou que a Anvisa mantém o processo de avaliação dessas novas tecnologias até 2027, reforçando o compromisso do governo em viabilizar o uso dessas soluções inovadoras.