As obras de duplicação e modernização da Serra das Araras, trecho crítico da Rodovia Presidente Dutra (BR-116) entre Rio de Janeiro e São Paulo, devem ser concluídas um ano antes do previsto.
A concessionária Motiva (antiga CCR) anunciou que as novas pistas de subida e descida serão entregues até março de 2027, antecipando em um e dois anos, respectivamente, os prazos contratuais iniciais (março de 2028 e março de 2029).
As informações são da Folha de S.Paulo.
O projeto, orçado em R$ 1,5 bilhão, reconfigura 8 quilômetros da serra (do km 233 ao km 225) e prevê a construção de 24 viadutos, um deles já concluído. A nova pista de descida terá quatro faixas e acostamento, e a de subida será readequada no mesmo padrão.
Também estão previstas duas áreas de escape, passarelas e pontos de ônibus, com velocidade máxima de 80 km/h — o dobro do limite atual.
A expectativa é reduzir pela metade o tempo de descida (sentido Rio) e em 25% na subida (sentido São Paulo).
“É uma das obras mais emblemáticas do nosso portfólio. Estava prevista para 52 meses e ataca um gargalo histórico na conexão Rio–São Paulo, com muitos acidentes e tombamentos”, disse Eduardo de Camargo, CEO da Motiva.
Avanço no cronograma
Segundo o executivo, cerca de 50% das obras já foram concluídas. O avanço foi possível graças ao planejamento antecipado ainda sob gestão da antiga NovaDutra, à agilidade no licenciamento ambiental no Rio de Janeiro e ao clima favorável à terraplenagem durante o período seco.
A próxima etapa do cronograma concentra-se na construção dos viadutos, fundamentais para suavizar curvas e garantir mais segurança.
“É quase como construir uma ‘Bandeirantes’ na Serra das Araras”, comparou Camargo.
A Rodovia Presidente Dutra, inaugurada em 1951, passou por nova concessão em 2021, com prazo de 30 anos. A via é considerada um dos corredores logísticos mais importantes do país, por onde circulam 390 mil veículos por mês, sendo 36% caminhões, e por onde escoa cerca de metade do PIB brasileiro, segundo a ANTT.
Benefício tarifário e investimentos futuros
A antecipação pode render à Motiva benefício tarifário junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), embora o impacto direto ao usuário seja pequeno.
“Para o motorista, é pouco representativo; para a concessionária, faz diferença. Estamos discutindo instrumentos que permitam remunerar a antecipação do capital”, explicou o CEO.
O chamado “fator A”, que recompensa investimentos entregues antes do prazo, ainda será avaliado pela agência reguladora.
Nos próximos anos, a Motiva prevê R$ 53 bilhões em investimentos estruturantes em suas rodovias, reforçando o papel da Dutra como principal elo rodoviário do Sudeste.