“Sentimento de impotência, de ser ninguém, de ser um lixo, de não ter valor de vida.” Assim o pai de Bernardo Pisetta, uma das dez vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, resumiu sua dor após a absolvição dos sete réus do caso. A decisão da Justiça do Rio, que concluiu não haver provas suficientes de participação direta dos acusados, reacendeu a revolta e o lamento dos familiares, que há mais de seis anos lutam por justiça.
Para Darlei Pisetta, a sensação é de impunidade e descrença no sistema judicial. O pai do jovem goleiro de 14 anos afirma que a ausência de responsabilização abre espaço para que outras tragédias semelhantes ocorram. “Alguém teria que ser responsabilizado. Outras tragédias vão acontecer. Queremos que sirva de exemplo para que clubes e órgãos públicos planejem melhor a vida desses atletas”, declarou, emocionado.
O mesmo sentimento é compartilhado por Alba Valéria e Wanderlei Dias, pais do volante Jorge Eduardo, de 15 anos. Em nota, eles afirmaram viver há seis anos com o “vazio e o silêncio” deixados pela perda do filho. “Cada absolvição é uma ferida reaberta. A justiça falhou com nossos filhos mais uma vez. O tempo não cura, e a luta não acaba”, desabafaram. Eles ainda afirmaram ter esperança na revisão da decisão pelo Tribunal.
Enquanto mães e pais seguem lamentando a decisão, o Ministério Público do Rio anunciou que vai recorrer. O incêndio, que matou dez adolescentes em 2019, expôs falhas graves de segurança e irregularidades nas instalações do centro de treinamento. Para as famílias, mais do que um processo judicial, a luta é pela memória dos filhos e pelo reconhecimento de que suas vidas importavam.






