A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (18/11), a Operação Compliance Zero, que investiga um esquema de fraude estimado em R$ 12,2 bilhões envolvendo o grupo do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. O valor já foi bloqueado em contas bancárias ligadas aos investigados. A ofensiva cumpriu mandados em cinco estados e resultou na apreensão de aproximadamente R$ 1,6 milhão em espécie, parte encontrada na casa de Augusto Lima, ex-sócio de Vorcaro, em São Paulo. O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado.
Durante participação na CPI do Crime Organizado, no Senado, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou a dimensão do esquema. “A fraude é de R$ 12 bilhões. Em dinheiro, apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão”, disse. Além do dinheiro, agentes recolheram carros de luxo, relógios e obras de arte considerados incompatíveis com a renda declarada dos acusados.
Até o momento, sete pessoas foram presas — quatro em caráter preventivo e duas temporariamente. Entre os detidos estão Vorcaro, o diretor de Riscos e Compliance, Luiz Antônio Bull; o superintendente de Tesouraria, Alberto Felix de Oliveira Neto; o sócio Ângelo Antônio Ribeiro da Silva; e o ex-CEO Augusto Ferreira Lima. Vorcaro foi capturado na noite anterior, ao tentar embarcar em um jatinho no Aeroporto de Guarulhos.
Segundo a investigação, o grupo teria criado títulos de crédito falsos para inflar artificialmente o patrimônio de instituições financeiras. Após o Banco Central detectar inconsistências, os papéis teriam sido substituídos por ativos sem avaliação técnica, em uma tentativa de ocultar o rombo contábil. O caso levou à liquidação extrajudicial do Banco Master e à nomeação de um interventor. O conglomerado administrava mais de R$ 86 bilhões em ativos.
A operação também congelou, na prática, a negociação anunciada na véspera pela Fictor Holding Financeira em parceria com investidores dos Emirados Árabes Unidos, que pretendiam adquirir o Master com aporte de R$ 3 bilhões. Outras tratativas envolvendo o BRB já haviam sido barradas pelo Banco Central por falta de garantias.
Com acesso autorizado a celulares, computadores e documentos apreendidos, a PF afirma que novas prisões e bloqueios podem ocorrer. Os investigados podem responder por gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e lavagem de dinheiro.






