Assessores ligados aos gabinetes dos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) movimentaram, ao menos, R$ 28,6 milhões entre 2018 e 2024. As operações são consideradas incompatíveis com a renda declarada e apresentam grande volume de recursos sem origem identificada, segundo decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira (19).
As informações constam em relatórios da Polícia Federal anexados à petição que fundamentou a ação. De acordo com a investigação, parte das movimentações estaria relacionada a um suposto esquema de desvio de recursos da cota parlamentar, com indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.
O maior volume é atribuído a Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial vinculado à liderança do PL na Câmara, ligada ao deputado Sóstenes Cavalcante. Segundo a PF, ele movimentou R$ 11,49 milhões, sendo R$ 2,78 milhões transferidos a beneficiários classificados como “nome não identificado”. Para os investigadores, o padrão das transações não condiz com sua capacidade econômica.
Outro nome citado é Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar do deputado Carlos Jordy. Ele movimentou R$ 5,9 milhões, incluindo R$ 640 mil enviados a destinatários sem identificação. A investigação aponta que Itamar teria atuado como operador financeiro do esquema, com repasses entre empresas de locação de veículos e contas de servidores.
A petição também detalha as movimentações de Florenice de Souza Santana, que somaram R$ 3,93 milhões, com R$ 599 mil destinados a beneficiários não identificados. Segundo a PF, ela integraria um núcleo familiar utilizado para a circulação dos recursos.
Já Andrea de Figueiredo Desiderati movimentou R$ 6,6 milhões, parte dos valores oriundos da Câmara dos Deputados, além de R$ 827 mil enviados a destinatários sem identificação. Para os investigadores, as transações apresentam baixa transparência e podem ocultar a origem do dinheiro.
Por fim, Rosileide de Souza Santana Rocha movimentou R$ 702 mil, incluindo dois depósitos de R$ 130 mil cada, sem esclarecimento sobre a finalidade. Para a Polícia Federal, o fracionamento das operações reforça a necessidade de aprofundar a apuração.
A investigação também aponta indícios da prática conhecida como “smurfing”, caracterizada pelo fracionamento de depósitos e saques em valores menores para dificultar o rastreamento pelos órgãos de controle.
Segundo o ministro Flávio Dino, os relatórios indicam práticas típicas de lavagem de dinheiro, como fracionamento de transações e possível uso de empresas de fachada para justificar despesas custeadas com recursos públicos. Com base nesses elementos, o STF autorizou a quebra de sigilos bancário e fiscal dos investigados e o compartilhamento das informações com a Receita Federal.
As investigações seguem em andamento no Supremo Tribunal Federal e apuram suspeitas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.






