O mercado brasileiro de produtos de limpeza clandestinos está em expansão e já preocupa autoridades sanitárias. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (Abralimp), quase 14% dos produtos de limpeza vendidos no país não têm registro na Anvisa, sendo produzidos e comercializados de forma irregular.
Esses itens, muitas vezes vendidos em embalagens improvisadas, como garrafas PET, representam grave risco de intoxicação durante o uso. Em 2024, o índice de informalidade no setor era de 11%, o que mostra um aumento significativo em apenas um ano.
O levantamento aponta que o mercado clandestino fatura cerca de R$ 5 bilhões por ano, contra os R$ 40 bilhões movimentados pela indústria formal. Além disso, 8% dos brasileiros afirmam comprar produtos de limpeza de ambulantes, sendo a maioria homens jovens, de baixa renda, solteiros e residentes na região Sudeste.
Riscos à saúde e sanções
A presidente da Abralimp, Nathalia Ueno, alerta que a informalidade no setor representa ameaça direta à saúde pública e também concorrência desleal. “Existe risco de intoxicações, queimaduras químicas, danos a equipamentos e superfícies, além da contaminação cruzada, que pode levar à interdição do local pela Vigilância Sanitária”, afirmou.
Ela também destacou que fabricantes, distribuidores e consumidores podem ser responsabilizados legalmente. “Quem fabrica, vende ou utiliza produtos sem registro está sujeito a advertência, multa e apreensão dos produtos”, completou.
Composição irregular e efeitos à saúde
Segundo a Abralimp, muitos desses produtos não têm garantia de composição e podem conter solventes proibidos, capazes de causar alergias, irritações respiratórias e intoxicação. “Esses itens dão a falsa sensação de economia, mas trazem riscos sérios à saúde e ao ambiente”, explica Nathalia.
Informalidade nas empresas
A pesquisa também revelou aumento da compra informal dentro das próprias empresas. Em 2025, 20% dos estabelecimentos admitiram adquirir produtos sem registro, contra 18% em 2024. O item mais afetado é o desinfetante hospitalar, com 48% das compras informais, principalmente em empresas da região Nordeste com mais de 50 funcionários.