Foragido da Justiça brasileira desde setembro, o deputado federal Alexandre Ramagem, do PL do Rio de Janeiro, voltou a provocar o Supremo Tribunal Federal ao desafiar o ministro Alexandre de Moraes a formalizar um pedido de extradição aos Estados Unidos. Condenado a 16 anos de prisão pela participação na trama golpista, o parlamentar publicou um vídeo nas redes sociais no qual tenta transformar o processo criminal em uma disputa política internacional.
No vídeo, Ramagem afirma que qualquer solicitação de extradição obrigaria a apresentação integral das provas do caso a um juiz federal dos EUA. Segundo ele, isso exporia supostos abusos cometidos no Brasil. “Se o Alexandre de Moraes quiser trazer algum pedido para a minha extradição, ele vai ter que remeter para análise de um juiz federal americano toda a ação do golpe que me envolve”, declarou.
Em seguida, elevou o tom e disse esperar uma reprovação contundente dos EUA ao processo conduzido pelo STF. “Então eu peço: traga para análise dos americanos essa ação do golpe, que nós vamos ver uma resposta enfática dos norte-americanos do que é uma juristocracia, uma ditadura, uma arbitrariedade que assola o Brasil agora”, afirmou.
Fuga clandestina e investigações da PF
A Polícia Federal investiga como o deputado deixou o país apesar das restrições impostas pela Justiça. A principal suspeita é de que ele tenha partido clandestinamente de Boa Vista, em Roraima, cruzado pela Venezuela ou pela Guiana e embarcado de lá para os Estados Unidos.
A ordem de prisão foi autorizada por Alexandre de Moraes após pedido da PF. Ramagem, que não tinha permissão judicial para viajar, também não recebeu aval da Câmara dos Deputados. Documentos enviados pela Casa mostram que ele apresentou atestados médicos entre 9 de setembro e 8 de outubro e novamente de 13 de outubro a 12 de dezembro.
Apoio político e mensagens a Trump
Desde que se instalou nos Estados Unidos, Ramagem tem buscado reforçar laços com figuras próximas ao presidente Donald Trump. Em entrevista a um canal no YouTube, o deputado disse estar “abraçado” pelo governo republicano e garantiu que permanece “seguro” no país com a anuência das autoridades dos EUA.
A declaração não foi confirmada por Washington, que costuma avaliar pedidos de extradição com base em critérios jurídicos e no tratado bilateral vigente.






